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Cardiologista alerta sobre riscos do consumo excessivo de energéticos

Por Alexandre Brochado

Cardiologista alerta sobre riscos do consumo excessivo de energéticos
Foto: Marina Nadal / Bahia Notícias

O uso exagerado de energéticos pode oferecer riscos à saúde. Recentemente, um jovem de 27 anos, da região de Caieiras, em São Paulo, teve um quadro de infarto que pode ter sido resultado do consumo de cinco litros de energético associado a bebidas alcoólicas (veja aqui). 

 

Para a cardiologista e professora da UniFTC, Lucélia Magalhães, esses casos de consumo demasiado de energéticos vêm sendo frequentes, apesar de geralmente não ser tão exacerbado e com tanta rapidez a ponto resultar um infarto em uma pessoa jovem.

 

“Os energéticos possuem elementos que aumentam a energia dos músculos e do cérebro, elevando a transmissão nervosa e fazendo com que as pessoas fiquem dispostas a realizar um exercício físico sem sentir cansaço, como habitualmente deveriam. Então eles estimulam o estado hiperativo devido às suas substâncias”, explica. 

 

Segundo Lucélia, uma das substâncias mais encontradas nesses produtos é a cafeína, que nos energéticos comuns a dosagem é equivalente a cinco xícaras de café forte, “uma quantidade absurda para uma pessoa tomar”. “Além disso, os energéticos possuem guaraná e na maioria deles também se encontra a taurina, um aminoácido não essencial que é produzido naturalmente pelo fígado em uma quantidade necessária para determinadas circunstâncias, como uma atividade física de mais resistência, de modo fisiológico. Esse aminoácido é liberado pelo fígado ou pelo pâncreas”, informa a médica.  

 

A mistura dessas substâncias é avaliada pela cardiologista como uma “bomba” para o organismo. Ela compara o uso exagerado dos energéticos ao óleo diesel e gasolina jogados a uma fogueira, algo que iria intensificar a chama que já estava acesa. 

 

Sobre o caso de Allan da Costa Silva, o jovem citado no início da matéria, Lucélia diz que a combinação do álcool com energético pode ocasionar complicações sérias porque o coração não está preparado para receber um estímulo dessa intensidade. A médica esclarece que misturado com álcool e açúcar, sendo glicose ou frutose, essa ingestão faz com que essas substâncias entrem rapidamente nas células aumentando a combustão, intensificando a atividade energética e celular.

 

“Após uma atividade física é necessário descansar, quando você toma um enérgico desse você não consegue parar, fica como se fosse um motor excessivamente turbinado. O álcool deprime o sistema nervoso central. Então você tem uma substância que ativa algumas células, principalmente as células do coração, e outra que resulta em uma depressão do sistema nervoso central. Com isso, os controles centrais do sistema nervoso de proteção são totalmente abolidos.”

 

Além do coração, outros órgãos podem se comprometer por causa da taurina. “Quando você toma muita taurina, as células que produzem esse aminoácido, no caso as células do fígado e as células do pâncreas, deixam de produzir, isso ocasiona uma desregulação em outros órgãos, e até mesmo nos músculos também, podendo causar dores musculares intensas. Não é incomum essa morte excessiva de células em um músculo, o que pode também resultar em entupimento dos túbulos renais, trazendo problemas de insuficiência renal.”

 

Como forma de prevenção, Lucélia não recomenda o consumo desses estimulantes. Porém, caso eles sejam usados, ao sentir o coração disparando, alguma falta de ar ou dor no tórax, deve-se procurar imediatamente um serviço de urgência e emergência para analisar se isso não é um infarto ou uma alteração do ritmo cardíaco sem lesão permanente.

 

“É necessário ficar atento. Pessoas jovens que tomam essas bebidas, em festas ou em situações recreativas, muitas vezes os pais ou responsáveis delas não sabem sobre o consumo desses produtos, então é preciso divulgar essas informações e falar dos riscos desses que são considerados ‘suplementos’”, conclui a cardiologista.