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Vacinação lenta abre espaço para surgimento de variantes resistentes às vacinas

Por Jade Coelho

Vacinação lenta abre espaço para surgimento de variantes resistentes às vacinas
Foto: Jefferson Peixoto/Secom

Além de adiar o retorno à “vida normal” e piorar os índices econômicos, sociais e de saúde, a lentidão do processo de vacinação contra a Covid-19 no Brasil ainda abre possibilidade para o surgimento de cepas resistentes às vacinas disponíveis.

 

O imunologista e professor da UniFTC Celso Sant’Anna lembra que, mesmo vacinada, uma pessoa pode pegar o vírus e infectar outras pessoas. Isso acontece porque a vacina evita o desenvolvimento de formas graves da doença. Uma vez que a vacinação é lenta e a taxa de circulação do vírus é alta, ao ter contato com organismos já vacinados cresce a possibilidade de haver mutações e novas variantes, ainda mais graves, surgirem. "O fato de estarmos vacinando fora da velocidade esperada, no ritmo muito lento, enfrentando uma série de percalços, isso abre possibilidade de cepas mais graves que possam ocorrer em função desse atraso”, reconheceu.

 

“Esse vírus vai ser mais resistente porque vai ser um que saiu após ter contato com a vacina. Então esse vírus foi capaz de desenvolver em um indivíduo vacinado, tem o risco de pegar uma pessoa sã e fazer uma forma mais grave e violenta, já que é um vírus mais resistente”, advertiu o imunologista.

 

O biomédico e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Jailton Azevedo explica que a característica genética do Sars-Cov-2, que é o novo coronavírus, já tem tendência natural a sofrer mutação. Esse fato somado à vacinação lenta e à alta circulação do vírus deixa o terreno fértil para novas variantes.

 

“Existem vários tipos de vírus de diferentes tipos de material genético. O Sars-Cov-2 tem esse tipo de genoma de RNA fita simples positiva. A molécula de RNA é instável para armazenar a informação genética, então está sujeita naturalmente, por conta da composição química que possui, a sofrer modificações”, explicou. “E como a cadeia de transmissão é respiratória, você tem as condições pra ter uma grande taxa de replicação do vírus na população, o que aumenta a chance de ocorrência de mutações”, salientou Azevedo.

 

O imunologista Celso Sant’Anna ressalta que vacinas devem ser dadas em massa num determinado momento para que esse risco de mutações e cepas resistente a imunizantes seja afastado. “O cenário ideal seria vacinação em massa, mas sabemos que hoje é impossível pelos fatores conhecidos, mas o ideal é que o maior número de pessoas seja imunizado ao mesmo tempo para ter redução drástica da circulação do vírus”, disse.

 

“Se todo mundo tivesse sido vacinado, ou grande parte da população, esse risco seria muito reduzido. Existe risco, não é tão grande, mas a tendência é maior ou menor a depender do número de vacinados”, completou Sant’Anna.

 

Os dois especialistas destacam e comemoram, contudo, o fato positivo de que estudos realizados até o momento têm apontado que as vacinas disponíveis também têm eficácia contra novas cepas em circulação.