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Artistas grávidas após os 40 anos quebram 'tabu' de gestação tardia

Por Jade Coelho / Ian Meneses

Artistas grávidas após os 40 anos quebram 'tabu' de gestação tardia
Foto: Reprodução/ Instagram

Escolher engravidar mais tarde provoca a necessidade de procurar aconselhamento reprodutivo e tratamentos de fertilidade. A prática está se tornando cada vez mais comum entre as mulheres brasileiras, segundo dados do Ministério da Saúde. Exemplos recentes entre artistas como Karina Bacchi aos 40, Ivete Sangalo aos 45 e Carolina Ferraz aos 46 tomam conta do noticiário. Essa procura por reprodução humana assistida ainda envolve muitos tabus e preconceitos que precisam ser combatidos e superados, de acordo com Genevive Coelho, diretora médica de uma clínica especializada em reprodução humana em Salvador.


 “A gente precisa trabalhar mais a população no sentido de alertar para que as mulheres busquem mais [informações]. Ainda há um tabu, principalmente se confunde muito a infertilidade com uma falta de realização. As pessoas se sentem inferiores, não veem que esse é um problema que vai começar a existir nas futuras gerações por causa do retardo de começar a engravidar. [Isso] não é um fracasso pessoal”, explicou a médica. “[Esse preconceito] tem que ser tirado porque é muito mais uma questão orgânica da mulher do que um fracasso pessoal da mulher, da impotência”, completou Genevive.


 Durante o seu período de tratamento hormonal, em 2015, a atriz Carolina Ferraz, que na época tinha 46 anos, tornou pública a depressão que enfrentou justamente pela falta de informações sobre como lidar com o procedimento para ter um filho tardiamente. “Fiquei grávida logo de cara, já na segunda tentativa. Fiz uns quatro meses de tratamento. Mas, depois, passei mais três meses tomando hormônios, fiquei inchada. Acho que muitas mulheres devem passar por isso e talvez não saibam lidar, como eu também continuo sem saber. Tive uma depressão chatíssima”, contou na época a artista ao jornal Extra.  


Enquanto nas mulheres a idade é um dos principais pontos de alerta, nos homens o estilo de vida é o fator que dificulta a gravidez, conforme apontou Genevive. “Tanto a mulher deixa para engravidar mais tarde, quanto a gente tem muitos homens com a piora da qualidade seminal pelo estilo de vida. Devido ao uso de drogas, cigarro, bebidas, estresse, obesidade, alimentação, uso de anabolizantes e suplementos, que influenciam na piora da qualidade do sêmen”, explicou a médica.


Além da possibilidade de dificuldade de engravidar após os 40 anos, a gestação nessa idade é associada a uma série de cuidados para que tanto a mãe quanto o bebê se mantenham saudáveis. Nesse sentido, a médica alertou para a importância ainda maior de exames, acompanhamento médico e até para necessidade, em alguns casos, de um pré-natal dirigido.


Grávida aos 45 anos, a cantora Ivete Sangalo montou uma rotina exclusivamente dedicada à gestação. Esperando as gêmeas Marina e Helena que vieram ao mundo no Carnaval de 2018, Ivete passou por um programa de exercícios, alimentação, cuidados com as articulações sem deixar de lado a estética, tão exigida pelas atividades artísticas.  


Em uma entrevista ao programa “Estrelas” no início de 2018, Ivete contou que após os três meses passou a fazer 90% dos seus exercícios sentada, focando na musculatura. Aliado a isto, as atividades de baixa intensidade surgiram como melhor alternativa de exercício. Esposa do nutricionista Daniel Cady, Sangalo colocou mais vegetais e frutas no prato, cortou os alimentos crus e priorizou uma alimentação rica em ferro. Além disso, ela passou a comer carne vermelha, pelo menos uma vez por semana. A rotina de Ivete pode ser um exemplo, mas as especificidades de cada gravidez tardia exigem uma rotina exclusiva e única não necessariamente semelhante ao que foi feito pela artista. 


Nesse sentido de elaborar uma nova rotina, a obstetra chama a atenção para as consequências de uma gravidez tardia sem cuidados necessários com o organismo da gestante. Ela também aproveitou para alertar que com o passar da idade a qualidade dos óvulos diminui e a chance de problemas genéticos são potencializados. “A idade aumenta o risco de doenças hipertensivas da gestação, que chamamos de pré-eclâmpsia, risco de diabetes gestacional, mas isso é um risco bem controlado, que com um bom pré-natal podem ser contornado. Mas para a criança aumenta o risco de síndrome de Down, por exemplo”, alertou a obstetra.


Genevive também recomenda que a mulher, perto dos 35 anos (idade que acende o alerta sobre os problemas na gravidez) “faça um aconselhamento reprodutivo, no sentido de ver como está a reserva ovariana, permitindo um prognóstico do futuro reprodutivo, se vale a pena não congelar os óvulos antes”. Foi nesse sentido que a atriz Karina Bacchi decidiu fazer o congelamento no limite do recomendado. 


“Congelei meus óvulos aos 35 anos. A gente nunca sabe o dia de amanhã”, disse a artista ao site Ego em 2017, no período em que esperava o seu filho, Enrico, aos 40 anos de idade. 


A tecnologia é uma grande aliada. Segundo Genevive, atualmente já é possível, em casos de gestações assistidas por profissionais de reprodução humana, a realização de estudos genéticos em embriões a fim de afastar riscos de algumas doenças para os bebês.