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Diagnóstico tardio é um dos principais entraves para o tratamento da Hanseníase

Diagnóstico tardio é um dos principais  entraves para o tratamento da Hanseníase
Foto: Divulgação

O número de casos novos de hanseníase notificados na Bahia chegou a 1.413 no ano passado. Somente em Salvador foram 196 notificações, de acordo com dados preliminares disponíveis no DataSUS – sistema de Informações do Ministério da Saúde. Para chamar atenção para uma das doenças mais antigas da humanidade, mas que ainda é carregada de preconceitos, o último domingo do mês de janeiro é considerado o “Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase”.

 

A doença infectocontagiosa, que provoca lesões na pele e nos nervos, tem cura e o tratamento pode ser feito por meio do Serviço Único de Saúde (SUS). Porém, o diagnóstico tardio tem afetado, inclusive, a possibilidade de acesso ao tratamento. Para o infectologista e professor do curso de Medicina da FTC Antônio Bandeira, esse é um ponto crítico quando o assunto é o combate à hanseníase. “A maioria dos pacientes já apresenta sequelas irreversíveis quando são diagnosticados. É fundamental alertar os profissionais de saúde para a possibilidade de hanseníase. Muitas vezes, a doença é tratada como uma alergia e, quando diagnosticada, outros membros da família também já estão infectados”, esclarece o infectologista.

 

Segundo informações do Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a segunda colocação no mundo em número de casos novos da doença, atrás apenas da Índia. Em 2018, dados preliminares do DataSUS apresentam 18.604 novos casos notificados no país. Por isso, a hanseníase ainda é considerada um importante problema de saúde pública. Em 2019, a campanha nacional tem o slogan “Hanseníase. Identificou. Tratou. Curou” e objetiva alcançar toda a população, em especial os profissionais de saúde. “Há pouco tempo, existiam leprosários que eram como cidades, onde os pacientes viviam isolados do restante da sociedade. Então, ainda há preconceito, inclusive por parte de alguns profissionais de saúde que, muitas vezes, não têm um preparo direcionado para lidar com a doença”, conta o infectologista e professor do curso de Medicina da FTC Antônio Bandeira.

 

A detecção precoce contribui para impedir o avanço da doença que tem grave potencial de provocar lesões neurais capazes de gerar incapacitação para determinadas atividades e deformações no corpo. Embora pareça mais óbvia sua transmissão por contato, por causa das lesões da pele, o bacilo causador da hanseníase se aloja, principalmente, nas vias aéreas e isso faz com que a pessoa transmita a doença por meio da tosse e espirro por exemplo. “Quando estão em tratamento, os pacientes usam máscaras cirúrgicas, mas não precisam se isolar ou separar as roupas, utensílios, toalhas”, informa Bandeira.

 

A hanseníase era chamada de “lepra” e receber o diagnóstico da doença era a porta de entrada para um processo de exclusão social. Durante séculos, quem sofria com as sequelas provocadas pela ação do Micobacterium leprae era considerado amaldiçoado, o que contribuiu para impedir diagnósticos reais. A falta de informação, geradora do histórico estigma, afetava até as ações para conter a doença que atingia – e ainda atinge –, principalmente, as pessoas de baixa renda que vivem em locais onde é mais fácil a proliferação da bactéria. Até 1986, havia internação compulsória dos pacientes com hanseníase em “hospitais-colônia” espalhados pelo país. Apenas em 2007, por meio da Lei 11.520, as pessoas que foram submetidas ao procedimento passaram a ter direito a indenização estatal.

 

Em Salvador, o antigo “leprosário” localizado no bairro de Cajazeiras foi interditado em 2013 e deu lugar à nova sede do Hospital Couto Maia, onde tem sido realizado o tratamento da hanseníase e outras doenças infectocontagiosas desde o ano passado.