Uso de testosterona e GH foi estimulado por campanhas de marketing, diz médico

O geriatra Thomas Perls, professor de medicina na Universidade de Boston, publicou um artigo polêmico na revista da Sociedade Americana de Geriatria. Segundo ele, o marketing da indústria associado à "frouxidão" das diretrizes das sociedades médicas e governos têm colaborado para que sintomas comuns do envelhecimento se transformem em "doenças inventadas", levando a reposição errada dos hormônios testosterona e GH (hormônio do cresciento).

 

Em entrevista à Folha de São Paulo, Perls contou que espera que o artigo sirva de alerta. "Acho que a publicidade vai diminuir. E espero que artigos como este alertem o público sobre os pergigos dos hormônios nas terapias de antienvelhecimento. Esses medicamentos só devem ser usados em condições ou doenças muito raras e específicas", disse. Ele acredita que os médicos continuam prescreendo esse tipo de medicamento, porque os comerciantes são bons em convencer as pessoas de que esses medicamentos seriam uma boa maneira de permanescer jovem. "A publicidade pode ser poderosa, especialmente se ela é interpretada por alguém que se pareça ou pretenda ser um especialista interessado em seu bem estar. No caso dos hormônios do crescimento e testosterona para terapias antienvelhecimento, isso não poderia estar mais longe da verdade", completa. Nos Estados Unidos, é permitido que as empresas de medicamento façam propaganda de seus insumos direto ao consumidor, o que nao acontece no Brasil. Como solução para os níveis de testosterona, o médico dá uma indicaçao. "Se os níveis estão diminuídos, é porque existem fatores frequentemente associados com a obesidade, o tabagismo, sedentarismo e não dormir o suficiente. Inverter esses problemas pode levar ao aumento dos níveis do hormônio", finaliza.