Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Saúde
Você está em:
/
/

Coluna

Viver Bem: A importância da saúde psíquica no tratamento do câncer de mama

Viver Bem: A importância da saúde psíquica no tratamento do câncer de mama
Foto: Pixabay

Entre os inúmeros desafios que rondam a vida feminina, o câncer de mama ainda é uma das doenças que mais atinge as mulheres. De acordo com dados do Instituto do Coração, de São Paulo, apenas para este ano, a estimativa é que surjam 60 mil novos casos da doença entre mulheres na faixa etária dos 20 aos 35 anos. Esse cenário alerta para a necessidade de um maior cuidado também com o psicológico da mulher, que costuma ser diretamente desestabilizada com o diagnóstico do câncer. Em entrevista, a psicóloga do Hapvida, Amanda Valentine Braga, explica sobre os cuidados necessários durante esse processo.

 

1 - Com a descoberta do câncer, o mais indicado seria iniciar a terapia de prontidão? Como e em que nível as sessões podem auxiliar o tratamento quimioterapêutico?

Não há uma orientação geral sobre a indicação da busca de psicoterapia. O suporte psicológico é disponibilizado desde o primeiro momento, quando o paciente, de posse do diagnóstico oncológico, pode vir a se deparar com angústia e sensação de desamparo. O encaminhamento para um profissional ocorre a partir do momento em que a pessoa se sente preocupada, ansiosa, aflita e necessita de um suporte para lidar com esse novo momento da sua vida, de modo a evitar danos psíquicos. Os aspectos emocional e físico estão interligados, por isso, é fundamental buscar entender as angústias e sofrimentos. 

 

2 – Quando o diagnóstico de câncer de mama é recebido por mulheres jovens, como lidar com esse tipo de doença tão precocemente?

O adoecimento, seja qual for seu nome/diagnóstico, é uma experiência que remete à fragilidade, insegurança, sensação de desamparo. A juventude, que é uma classificação social do desenvolvimento humano, ocorre em um período de concretização de escolhas relacionada à carreira/profissão, casamento, nascimento dos filhos, momentos de construção econômica/social. Mas a questão crucial aí é que, independente do momento da vida, a doença é uma interrupção, uma suspensão das certezas e das vivências do sujeito, o que faz com que cada pessoa se depare com sentimentos de insegurança, medos e fantasias relacionados à descontinuidade da própria existência. Daí a importância do suporte psicológico, para que cada um encontre modos de lidar com a situação. 

 

3- Independente da idade, a vaidade é algo muito delicado. Como a terapia pode ajudar no processo de mudanças externas, como a queda dos cabelos?

A autoestima sofrerá interferências pelo adoecimento. A psicoterapia visa possibilitar um momento de desabafo e compreensão para a pessoa que está passando pelo processo de aceitação da sua atual condição física. É muito importante que o sentimento de vida do sujeito permaneça, dentro do possível, e que ele possa construir uma relação diferente consigo a partir das mudanças vivenciadas. É fundamental a compreensão de que, após o luto pelas perdas da saúde, cabelos, desnutrição, alterações da libido, é possível retomar a vida e ter de volta o que foi perdido.

 

4 - Diante de uma doença grave é possível que a pessoa só veja o lado negativo da situação e pense que vai morrer. Como reverter essa situação?

O modo como cada um se posiciona diante das perdas, fracassos e medos é o ponto-chave para o enfrentamento da doença, independente de ser um tratamento curativo e/ou paliativo. O atendimento psicológico visa também, auxiliar o paciente e seus familiares a lidarem com a compreensão do processo de morte de maneira menos dolorosa e desesperadora. 

 

Em caso de sofrimento psíquico e rebaixamento do humor, o atendimento psicológico visa auxiliar o paciente para que ele possa lidar com este sofrimento de modo a minimizar impactos emocionais, assegurando que mantenha o investimento em si, dentro do que for possível, mas assegurando que em caso de uma decisão pela interrupção do tratamento e organizando-se junto à equipe, possa ter uma despedida digna, dentro da singularidade e condição de cada um suportar viver.