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Setembro Amarelo: a importância da atenção ao suicídio

Por Silvana Figueiroa

Setembro Amarelo: a importância da atenção ao suicídio
Foto: Divulgação

O suicídio é o ato de tirar a própria vida, de autodestruição, é a morte intencional autoinflingida. É o ato final de uma sequência que teve início a partir do sofrimento psíquico extremo, que foi percebida como angústia e, após amplificação, conduz a pessoa a uma sequência de comportamentos autodestrutivos. Trata-se de uma tragédia que afeta diretamente entre 6 a 10 pessoas, mas pode atingir um número muito maior, e tem efeitos devastadores sobre as pessoas deixadas para trás, por muitos anos.

 

A angústia faz parte da vida, mas ela é transitória. No momento em que a ideia vem, a pessoa deve buscar ajuda. Quando uma pessoa pensa em suicídio, ela está vivendo um sofrimento psíquico intenso, muitas vezes, iniciado por problemas externos, e que desencadeiam sentimentos muito negativos. As pessoas sentem-se muito solitárias, e a situação os leva a pensar que esta seria a melhor forma de resolver os seus problemas. Entre os fatores de risco associados ao suicídio, estão as perdas de emprego ou financeira, trauma ou abuso, transtornos mentais, uso de substâncias psicoativas, dificuldade de acesso a cuidados de saúde, etc.

 

É um grave problema de saúde pública. A cada ano, mais de 700 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta o suicídio. A cada 40 segundos uma pessoa em algum lugar do mundo tira a própria vida. No Brasil, a cada 45 minutos isto acontece. São cerca de 32 vidas que são ceifadas a cada dia. 
Estima-se que de 10 a 20 milhões de pessoas tentam o suicídio a cada ano. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a terceira causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Entre os anos de 2000 e 2019, as taxas de suicídio vinham decrescendo globalmente, com grandes variações entre os países, mas nas Américas, ela teve um aumento de até 17%. Apesar dos altos números, apenas 38% dos países, têm estratégia de prevenção ao suicídio, embora em cerca de 90% dos casos poderem ser evitados.


 
A OMS lançou uma orientação abrangente para apoiar os países que desenvolvem estratégias de prevenção ao suicídio, que engloba quatro pontos: limitar o acesso aos métodos de suicídio (como pesticidas e armas de fogo altamente perigosos); educar a mídia sobre a cobertura responsável do suicídio, estimulando que este assunto deve ser debatido; estimular a promoção de habilidades socioemocionais para a vida entre os adolescentes; e a identificação precoce, avaliação, gestão e acompanhamento de qualquer pessoa afetada por pensamentos e comportamentos suicidas. 

 

Na verdade, a pessoa que se encontra nesta situação, deve ser acompanhada de perto. Ela precisa sentir que não está só, precisa de uma escuta atenta, acolhedora, sem julgamentos. Ela precisa desenvolver uma rede de apoio e conexão com a vida, buscar e sentir o seu propósito.

 

A tentativa de suicídio pode ser entendida como um pedido de socorro, e deve ser visto com serenidade e cautela, e o cuidado precisa ser imediato. Dar o suporte necessário naquele momento e “estar presente” e disponível para ouvir e compreender a pessoa pode fazer a diferença e significar a preservação da vida.

 

A tentativa e o suicídio são ações de uma pessoa que se encontra em desespero, e representam o caminho no sentido oposto ao do instinto de preservação, que é um dos instintos mais básicos da vida e que está presente em todos os seres vivos. Qualquer pessoa pode ajudar a salvar uma vida, apenas se preparando e disponibilizando para escutar e ser o suporte necessário naquele momento.

 

*Silvana Figueiroa é psiquiatra e diretora médica da Quíron Saúde Mental

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias