Janeiro Branco: pandemia endossa a necessidade dos cuidados com a saúde mental
por Gilmara Rodrigues

Nunca se falou tanto sobre saúde mental como neste momento. Sob a sombra da pandemia do novo coronavírus e seus efeitos catastróficos, o ano de 2021 está começando de maneira difícil para muitos. Isso somado à pressão na vida profissional, problemas de saúde, relações familiares complicadas e mudanças de vida. A lista pode ir longe e é por conta desses fatores que os casos relacionados às doenças mentais e psicológicas têm ficado cada vez mais frequentes.
A vivência da pandemia obrigou o isolamento social, provocou distanciamentos afetivos, lutos, perdas, doenças e inúmeras hospitalizações. Tivemos que lidar com a impermanência que o viver nos traz e o reconhecimento do falso controle do cotidiano que imaginamos ter.
E foi exatamente a partir da necessidade de cuidar da saúde mental que surgiu, em 2014, a campanha Janeiro Branco. A escolha do mês de janeiro se dá, justamente, pelo fato do começo de um novo ano gerar uma certa ansiedade pelo desejo de cumprir as metas dos 12 meses seguintes e frustração por não ter cumprido todas do ano anterior.
Diante da vulnerabilidade, medos, inseguranças, tristezas, angústias, entre outros sentimentos e emoções, impactos significativos foram gerados nas relações interpessoais de ordem comportamental, cognitiva e afetiva. Além de adoecimentos físicos, que podem ser derivados das somatizações das dores da alma.
Geralmente, as dores apresentam algum fator físico, mas fatores psicológicos como ansiedade, melancolia e estresse podem fazer com que as pessoas tenham mais dificuldades de controlar os processos de dor. Vale ressaltar que o fato de a dor ser agravada pelo psicológico, não significa que ela não exista. Muitas pessoas que relatam dores sentem-nas de fato, apesar de não conseguir identificar uma causa física. O Itaigara Memorial Clínica da Dor conta com uma equipe multidisciplinar, entre eles psicólogos e psiquiatras, para investigar se existe algum fator psicológico contribuindo para a dor e poder tratá-la de forma integral.
Saúde física e saúde mental andam juntas, por isso é de extrema importância que se compreenda como certos comportamentos afetam a saúde mental, e que há sim como prevenir que sofrimentos psíquicos passem a limitar as atividades diárias.
Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo. São 18,6 milhões de brasileiros, a nível global, mais de 260 milhões de pessoas convivem com o transtorno. No mundo, 4,4% da população sofre de transtorno depressivo, no Brasil 5,8%. Anualmente, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio, é a segunda principal causa de morte na faixa etária de 15 a 29 anos. A OMS estima que, neste ano, a depressão se tornará a doença mental mais incapacitante do mundo.
O momento presente é o um convite para o autocuidado, que passa pelo autoconhecimento, indispensável para ressignificar nossas histórias, para o ser melhor e para o bem viver. Que 2021 seja recomeço e nos dê a oportunidade de nos olharmos com esperança, compaixão e amorosidade com cuidado à vida e à nossa saúde mental.
*Gilmara Rodrigues é psicóloga do Itaigara Memorial Clínica da Dor
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
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