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Julho Amarelo: Hepatites virais podem evoluir por décadas de forma silenciosa

Por Raymundo Paraná

Julho Amarelo: Hepatites virais podem evoluir por décadas de forma silenciosa
Foto: Divulgação

As hepatites virais são doenças causadas por vírus que podem gerar lesões graves ao fígado e merecem a atenção de todos. No Brasil, particularmente, as hepatites crônicas B e C ainda são responsáveis por mais de 40% dos casos de transplante de fígado. Por serem doenças silenciosas, evoluem por décadas sem diagnóstico, mas causam danos progressivos ao fígado. Por isso, muitos pacientes portadores desses vírus não sabem que estão com a doença.

 

É muito importante chamar a atenção acerca dos poucos sintomas nas doenças no fígado. Na maioria dos casos, essas doenças são silenciosas, ou seja, evoluem durante décadas sem nenhum sintoma clínico, mas a inflamação  gera cicatrizes no fígado, chamadas de fibrose. A medida que elas evoluem, elas bloqueiam a passagem do sangue do fígado, causando a cirrose. Já a cirrose, predispõe ao câncer de fígado.

 

Por isso, alguns cuidados básicos devem ser tomados para evitar as hepatites, particularmente as do tipo B e C que podem gerar a cronificação. Existe vacina contra a hepatite B e os testes AGHBS visando o diagnóstico precoce da doença. Já a hepatite C , não tem vacina, mas o diagnóstico pode ser facilmente realizado com a determinação do anti HCV. Os testes são indicados para os seguintes grupos: todos os indivíduos a partir dos 50 anos; todos os que apresentaram infecções sexualmente transmissíveis (ISTs); todos que receberam transfusão de sangue antes de 1994 e todos que compartilharam seringas e fizeram tatuagens em estúdios sem a devida certificação da Vigilância Sanitária. Outros cuidados importantes para a prevenção envolvem o uso do preservativo e evitar o compartilhamento de objetos como agulhas, alicates e cortadores de unhas, pois eles podem estar contaminados e facilitar a transmissão do vírus.

 

A campanha do Julho Amarelo acende o alerta sobre estes cuidados contra as hepatites virais, mas é fundamental destacar também os cuidados com as hepatites causadas por substâncias que agridem o fígado, como chás, anabolizantes, suplementações hormonais e outros medicamentos que não possuem comprovação científica. É importante que jamais se automediquem, tampouco acreditem que chás são inofensivos por serem naturais. Todos os medicamentos, sejam eles sintéticos ou naturais, têm princípios ativos que são metabolizados no fígado e, portanto, podem causar doença hepática. Em tempos de combate à COVID-19, quando várias drogas sem informação científica robusta são mencionadas como opções terapêuticas, o cuidado com a toxicidade deve ser redobrado.

 

As hepatites virais se subdividem em A, B, C, D e E . Fique atento às formas de prevenção e transmissão que as diferenciam.

 

Hepatite A: Transmite-se através da ingestão de água ou alimentos contaminados e do contato direto com pessoa infectada. Existe vacina para prevenção;

 

Hepatite B: Transmite-se através de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de objetos contaminados como agulhas, alicates e cortadores de unhas e de forma perinatal (de mãe para o filho). Existe vacina segura para prevenção;

 

Hepatite C: Transmite-se também através de objetos pessoais contaminados, pela via perinatal e transmissão por transfusão de sangue infectado. Não há vacina e seu tratamento teve grande evolução através do uso de medicamentos que hoje garantem uma taxa de cura de 95%;

 

Hepatite D: Transmite-se por todos os fatores da hepatite C e a sua prevenção é através da vacinação da Hepatite B que, de forma indireta, previne contra a Hepatite D;

 

Hepatite E: Transmite-se também por alimentos contaminados e não existe vacina para prevenção. É pouco comum no Brasil e o tratamento passa pelo repouso completo.

 

*Dr. Raymundo Paraná é hepatologista, superintendente médico do Hospital Aliança e presidente da Associação Latino-Americana para o Estudo do Fígado

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias