Neto lembra que avô foi de prefeito a governador e diz que seguirá mesmo caminho
por Matheus Caldas / Bruno Luiz

Provável candidato ao governo da Bahia em 2022, Neto disse nesta sexta-feira (1º), em discurso ao transmitir a prefeitura para as mãos do sucessor Bruno Reis (DEM), que pretende seguir os passos do velho ACM. Ele lembrou que, após ter sido prefeito de Salvador, o avô tornou-se governador do estado e se tornou liderança política nacional.
“Antonio Carlos Magalhães projetou o seu nome para a Bahia e para o Brasil após concluir um mandato revolucionário à frente da Prefeitura de Salvador. Uma prova de que governar a nossa cidade é tão desafiador que, quando o trabalho é bem sucedido, serve de régua e compasso para voos mais altos. Digo isso porque pretendo seguir os passos do meu avô”, destacou Neto, reforçando as apostas de que disputará o governo da Bahia.
“Me sinto plenamente apto para isso. Fui deputado federal por dez anos, prefeito da terceira maior cidade do Brasil por oito e há dois sou presidente do DEM, um dos principais partidos do país. Nessa trajetória, adquiri a experiência e a projeção que, sem falsa modéstia, tornaram o meu nome nacionalmente conhecido”, cacifou-se.
DIVISÃO DO BRASIL
No discurso, Neto manifestou preocupação com a “polarização e o radicalismo” que tomaram conta de grande parte da população brasileira. Para ele, só será possível superar as dificuldades vividas pelo país se houver união dos brasileiros.
“O grande Martin Luther King disse que o que mais lhe assustava não eram as ações e os gritos das pessoas más e sim a indiferença e o silêncio das pessoas boas. É isso o que também mais me preocupa nesse momento. E eu não vou ficar indiferente nem calado. Vou remar contra a maré que está separando os brasileiros em grupos antagônicos e intolerantes uns com os outros”, disse, colocando-se como liderança capaz de conduzir este debate nacionalmente.
Também presidente nacional do DEM, Neto, entretanto, é praticante do discurso antipetista, atualmente uma das principais forças de polarização da política brasileira, e apoiador de pautas do governo Bolsonaro, que tem um discurso belicoso e combativo contra opositores.
GESTÃO
O democrata também fez um balanço dos seus dois governos. Destacou ações na área da saúde, como o aumento da cobertura de atenção básica, e uma atenção maior ao setor de turismo, segundo ele, antes negligenciado pela prefeitura e pelo governo estadual.
“Fizemos muito para recuperar o tempo perdido [no turismo]. Em janeiro, inauguramos o maior Centro de Convenções já construído por um município brasileiro, preenchendo uma lacuna que, segundo o nosso trade turístico, causava um prejuízo anual de 500 milhões de reais à nossa economia. Fizemos mais: revitalizamos praças, fortes, avenidas e espaços culturais no Centro Histórico e no Centro Antigo. Transformamos a residência de Jorge Amado e Zélia Gattai no Memorial Casa do Rio Vermelho e, para fomentar o turismo religioso, criamos o Caminho da Fé ao longo de uma Avenida Dendezeiros totalmente requalificada”, enumerou ao falar sobre turismo.
No combate à pandemia, afirmou que a cidade foi uma das primeiras a adotar protocolos próprios contra os efeitos da Covid-19. Lembrou da construção de dois hospitais de campanha para pacientes com a doença, contratação de profissionais para atuar nas unidades e na compra de testes para detectar o vírus na população.
“Felizmente, nosso trabalho não partiu do zero. Já tínhamos ampliado a cobertura da atenção básica de 19 para mais de 57% da população e construído 9 UPAs e o primeiro Hospital Municipal da história de Salvador. Mas, claro, era preciso fazer muito mais. E nós fizemos.”
O discurso ainda guardou uma menção ao governador Rui Costa (PT), seu principal adversário político, contra quem protagonizou diversos embates públicos nos últimos anos, mas a quem se juntou em 2020 para unificar as ações contra a pandemia.
“Nessa luta pela vida, fiz até o que era considerado impensável: procurei o governador Rui Costa para propor uma ação conjunta entre município e estado. Deixamos as nossas diferenças de lado, pelo menos temporariamente, e adotamos várias medidas de forma consensual. Mostramos maturidade política e provamos que as diferenças de qualquer espécie, por mais profundas que sejam, não podem se sobrepor à defesa da vida.”
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