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'Não há impacto positivo', diz especialista sobre criação do Vale Encantado em Patamares

'Não há impacto positivo', diz especialista sobre criação do Vale Encantado em Patamares
Foto: Reprodução / Bancários.org

A criação do refúgio ambiental Vale Encantado na Paralela para o professor Pedro Cerqueira Lima, doutor em ciência animal nos trópicos pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), e cientista do Centro de Pesquisa e Conservação das Aves Silvestres (Cemave) não tem impacto positivo na fauna.

 

O professor esclareceu que “pequenos fragmentos de floresta, matas secundárias em regeneração, não têm capacidade de salvar espécies que corram riscos de extinção. Estes fragmentos agem como pequenas ilhas, onde os espécimes existentes trocam material genético entre si e, com o passar do tempo, a consanguinidade pode causar a extinção de espécies”.

 

Estudos preliminares indicam que o “refúgio” terá como limites as avenidas Paralela, Pinto de Aguiar e Tamburugy, em uma área equivalente a 692.939 m². E o projeto de construção de mais uma via, a avenida Atlântica, dentro do Vale Encantado, se tornou mais uma incógnita para a viabilização do refúgio, de acordo com o A Tarde.

 

Criado em 2007, o Parque Urbano do Vale Encantado trata-se de uma área pública extensa, com potencial para prática de esportes, atividades recreativas e culturais da população, bem como exploração para educação ambiental e pesquisa científica. Os defensores da criação do refúgio de vida silvestre no espaço argumentam que haverá proteção dos patrimônios naturais e paisagísticos, manutenção e aumento da biodiversidade local e entorno, equilíbrio do regime hídrico e melhoria da qualidade da água, incentivo à pesquisa científica e fomento de atividades de turismo.

 

Outro ponto mencionado é o atual estado do rio Passa Vaca, que corta a área e se encontra poluído, com esgotos despejados por residências ao longo do curso. “Rio poluído não combina com parque para conservação de espécies animais e vegetais”, ressaltou Lima, para resumir: “Desconheço um argumento forte que justifique a criação deste parque”.

 

Na avaliação do cientista, o cenário ideal é o de valorização e investimentos nos parques já existentes nesta região da cidade, como os de Pituaçu e o do Abaeté. “Estes tiveram tempos bons. Não justifica investir dinheiro público em equipamentos como Pituaçu e Abaeté, e depois abandonar tudo. Já imaginou se ocorresse o mesmo com o Central Parque de Nova York? Isto jamais irá ocorrer, por um simples motivo: lá existe gestão”, exemplificou. 

 

Além do Central Parque, o professor lembra que há outros exemplos de parques sustentáveis, como o Ibirapuera, em São Paulo. “É outro local maravilhoso para observar a natureza e excelente área de lazer com equipamentos e infraestrutura. Salvador precisa de algo semelhante”, sugeriu.

 

Pedro Lima insiste na valorização do Parque de Pituaçu, situado a poucos metros do Vale Encantado. “O ideal seria investir, recuperar os equipamentos que se encontram abandonados, colocar segurança e criar condições para atividades de lazer. Uma alternativa seria transformar Pituaçu em algo como o Central Parque. Pituaçu possui grande variedade de espécies animais, tais como répteis, mamíferos e mais de 200 espécies de aves”, relatou.