Retrato do momento, pesquisa aponta que nomes 'oficializados' saem na frente em disputa

Mesmo que Bruno Reis não tenha sido oficialmente apresentado como pré-candidato a prefeito de Salvador em 2020, o democrata aparece bem pontuado em todos os cenários testados pelo Bahia Notícias em parceria com o Instituto Paraná Pesquisas durante o ano de 2019. Para quem acompanha política, é só questão de tempo até o lançamento formal dele como candidato à sucessão de ACM Neto. Junto a ele, entre os mais citados, aparecem nomes já confirmados por seus respectivos partidos, a exemplo de Sargento Isidório (Avante) e Olívia Santana (PCdoB). Os dados podem não ser extremamente relevantes, mas apontam tendências que não devem ser desconsideradas pelos envolvidos no processo eleitoral.

 

Um dos primeiros pontos a ser levado em consideração é o índice de rejeição dos potenciais candidatos. Figuras com grande recall, como Lídice da Mata (PSB) e Nelson Pelegrino (PT), por exemplo, não receberiam o voto de mais da metade dos entrevistados, ao tempo em que são extremamente conhecidos do eleitor. Já Isidório e Guilherme Bellintani (sem partido), que compartilham índice similar de rejeição, estão em patamares distintos. O deputado federal é bastante conhecido e o presidente do Bahia não. É aí que mora uma vantagem para o vice-prefeito Bruno Reis. Ele possui o menor índice de “não voto” entre os pesquisados e é considerado desconhecido por quase 20% dos eleitores. São aspectos importantes para a construção das estratégias eleitorais dos dois que melhor pontuam nos levantamentos realizados até aqui – tanto pelo BN/ Paraná quanto por outros institutos.

 

Os percentuais com pouca oscilação apresentados por Lídice e Pelegrino sugerem certa estagnação na corrida eleitoral. Por terem mais tempo na arena de disputa, o desgaste é natural e justificado. Porém há pouco potencial para crescimento, o que pode ser um impeditivo para uma candidatura competitiva. Lídice ainda não jogou a toalha, mas o petista praticamente abriu mão de estar no pleito quando aceitou ser secretário estadual.

 

Outro aspecto relevante na construção das estratégias é o caminho sugerido pelo grupo do governador Rui Costa (PT), com a possibilidade de múltiplas candidaturas. O aparecimento de Olívia Santana com um percentual expressivo pouco após ser lançada como pré-candidata pelo PCdoB pode sinalizar, por exemplo, que mais de uma candidatura competitiva pode forçar um segundo turno com o candidato apoiado por ACM Neto – que será, inevitavelmente, o nome a ser batido nas urnas.

 

A pré-candidatura de Bacelar (Podemos) já anunciada pode não ter impacto direto na corrida, porém a ausência dele para virtualmente ocupar a vice de Isidório pode, de alguma forma, favorecer o “Doido”. É uma aposta que já circula nos bastidores e não deve ser desconsiderada. Somadas essas duas forças, mais uma candidatura turbinada de Olívia, a chance de uma disputa em dois turnos cresce.

 

O presidente do Bahia Guilherme Bellintani, que ainda não decidiu seu futuro político, mantém uma oscilação positiva nas pesquisas, porém a não candidatura dele não significaria uma transferência de votos para outras pessoas. Até aqui, seria um voo solo e que poderia ser de galinha, sem grandes repercussões.

 

A série de pesquisas também sugere que a candidatura de Léo Prates é natimorta. No cenário sem Bruno Reis ou com o vice, o ex-democrata não consegue um percentual que valha bancar uma campanha. Sonhar, no entanto, não é proibido. Então é improvável que haja sucesso na empreitada de ser candidato.

 

Os levantamentos divulgados sugerem tendências que devem ser observadas atentamente pelos partidos e candidatos. É cedo para cravar que elas vão seguir idênticas até a eleição em outubro, porém descarta-las sob a desculpa de que é um retrato de um momento específico também não é lá muito esperto. A questão é como serão usadas as informações. Se houver esperteza, dá para fazer limonada a partir de um simples limão.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (11) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Valença FM e Alternativa FM de Nazaré.