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'Imparáveis', filhos do presidente podem causar ressacas além do suportável para país

Por Fernando Duarte

'Imparáveis', filhos do presidente podem causar ressacas além do suportável para país
Foto: Reprodução/ Redes sociais

Convivo com um grupo de amigos que se autoproclama “Os Imparáveis”. O apelido é uma referência à ausência de limites dessas pessoas para festas e celebrações. E é o único paralelo possível quando penso nos filhos do presidente da República, Jair Bolsonaro. Passados mais de oito meses do início do governo, Zero Um, Zero Dois e Zero Três não cansam de surpreender a opinião pública. E, nos últimos dias, têm sido assustadores os comportamentos de dois deles: Eduardo e Carlos.

 

O primeiro tem um objetivo fixo: ser embaixador brasileiro nos Estados Unidos. Para tanto, vale usar dinheiro público para posar para foto com o presidente Donald Trump no Salão Oval e muitas conversas com senadores, a fim de obter a aprovação para o cargo. O clã e o entorno insistem que não existe nepotismo nessa tentativa e até se iniciou um processo de naturalização do absurdo. Só que o deputado federal não para de provocar constrangimentos. Seja com publicações nas redes sociais, algo já usual, como na defesa das falas despropositadas do pai sobre Michelle Bachelet ou Emannuel Macron, seja com as recorrentes aparições públicas armado – como ao lado do pai no hospital ou em uma palestra na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Ainda assim, tudo dentro do script esperado para a história de Eduardo e da família.

 

O roteiro também não chega a ser uma surpresa quando se trata de Carlos. No entanto, o vereador do PSC tem ultrapassado as linhas aceitáveis mais do que qualquer outro consanguíneo. Nesta segunda-feira, sugeriu que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”. Talvez tenha sido, até o momento, o flerte mais explícito com o autoritarismo por alguém tão próximo do poder. O único vereador com assento no Palácio do Planalto – sim, é absurdo, mas real – endossou a necessidade de uma intervenção não democrática e, na sequência, se disse vítima da “mídia esquerdopata”. Por incrível que pareça, ainda existe quem aplauda as atitudes de Carlos.

 

Se Eduardo e Carlos têm dado “trabalho”, o senador Flávio preferiu submergir. Ainda assim, o Zero Um não consegue ficar distante das manchetes negativas. Foi ajudado por Dias Tóffoli e a liminar que suspendeu as investigações a partir de relatórios de inteligência financeira, porém vive com o fantasma de Fabrício Queiroz e o rápido enriquecimento do ex-assessor. A rachadinha, que nunca foi exclusividade de um grupo político, não deixa de ser um assombro do passado recente e ainda não totalmente explicado.

 

Voltando ao grupo de amigos “imparáveis”, recordo também que, após a empolgação com as celebrações e as bebidas, é corriqueiro também as ressacas. Muitas dignas de histórias contadas e recontadas como se fossem a melhor coisa do mundo. A diferença entre esse grupo e os filhos do presidente é que, mesmo que todos sejam imparáveis, as consequências dos atos do primeiro ficam restritas às respectivas famílias. Já a ressaca provocada por Flávio, Carlos e Eduardo pode durar muito mais do que o dia seguinte. E deve ser determinante para o futuro do país. Infelizmente.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (11) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM e Valença FM.