Professor critica descarte de Aleluia a método de Paulo Freire: 'Não falamos em fé'
Por Fernando Duarte / Matheus Caldas
Após a sugestão dada nesta terça-feira (13) pelo vereador Alexandre Aleluia (DEM) de que Salvador “jogue Paulo Freire no lixo” (leia mais aqui), o professor Nelson Pretto diz que a modificação da metodologia de ensino de um local não pode ser imposição de um parlamentar. Ele criticou o fato de a proposição ser baseada em convicções pessoais.
"Se começa, ao invés de informar para construir um conhecimento, informa para fortalecer a minha fé. E não estamos falando em fé, mas de sociedade, de política", analisou, em entrevista ao Bahia Notícias. “Não querer usar o método Paulo Freire ou qualquer outro método é o direito de qualquer um. Agora, o que não pode ser é uma imposição elaborada por um vereador. Política pública de educação não se faz desta forma. Ele não compreende como se faz política pública", acrescentou o ex-diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia.
Na visão do doutor em educação, para propor o texto, Aleluia deveria “se qualificar” para discutir o tema. "Um vereador que acha que, dentro do Palácio Thomé de Souza pode definir regrinhas de como a escola vai funcionar, não entende nem de educação, nem de sociedade, e muito menos de democracia. Existem profissionais que estudam os temas, não só educação, e o vereador precisa se qualificar para entrar nesse debate", pontuou.
Pretto é mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Ele também é membro do conselho editorial e consultor ad hoc de instituições como Centro de Estudos em Educação e Sociedade, Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, e Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado da Bahia (Fapesb).