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Apesar do barulho, mensagens de Moro e Dallagnol não comprovam inocência de Lula

Por Fernando Duarte

Apesar do barulho, mensagens de Moro e Dallagnol não comprovam inocência de Lula
Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

A proximidade entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol podem até apontar que o processo envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não seguiu uma tramitação regular, mas está longe de comprovar a inocência do petista. Ainda que as mensagens divulgadas pelo The Intercept tenham sustentado o argumento de que Lula é uma vítima do ordenamento jurídico brasileiro que agiu por motivações políticas.

 

É inegável, no entanto, que a divulgação das conversas deixa um fio de esperança de que o processo contra Lula, especialmente no caso do tríplex do Guarujá, seja considerado nulo. Trata-se de uma perspectiva bem otimista, pois o ex-presidente teve a sentença confirmada no Tribunal Regional Federal da 4ª Região e uma apelação negada junto ao Superior Tribunal de Justiça. O desenrolar do caso exigiria um conluio com muitos outros agentes públicos e é inocência acreditar que todos estão plenamente imbuídos em retirar o petista de cena.

 

Como se não bastasse o caso do tríplex, Lula já foi condenado também no processo do Sítio de Atibaia – cujas ligações seriam mais robustas que o caso do apartamento no Guarujá. E o ex-presidente figura como réu em outros oito processos. É muita teoria de conspiração acreditar que tantas pessoas estariam focadas em mantê-lo distante da disputa política. Como se sabe, não há santos nesse embate e Lula, tal qual Moro e Dallagnol, também não deveria ser endeusado pelos militantes.

 

O site responsável pela divulgação das conversas promete que outras informações virão a público em breve, sem dizer exatamente o quê ou quando. Faz parte de uma estratégia de comunicação que mantém acesa a expectativa em torno de novas bombas. Porém, até aqui, o conteúdo já disponibilizado deve gerar uma batalha jurídica entre os advogados de Lula e as versões de Moro e da Força-Tarefa da Operação Lava Jato. De um lado, o discurso de perseguição política. Do outro, a naturalização das conversas, mesmo que elas sejam pouco republicanas. É também uma disputa discursiva, cujas consequências plenas não serão conhecidas em um curto espaço de tempo.

 

Nesse processo de construção de imagem, Lula sai menos fragilizado que Moro, Dallagnol e companhia. O ex-presidente, ao que parece, finalmente teve uma notícia positiva para aplacar as sucessivas derrotas jurídicas e políticas que tem sofrido. Porém, por mais que haja todo o esforço de aliados em mantê-lo em um altar, a inocência do petista não é algo tão fácil de se comprovar. Ou seja, o pedestal continua destruído. Agora, no entanto, as figuras de Moro e Dallagnol parecem maculadas e os afastam da condição de semideuses. O brasileiro precisa aprender a encontrar heróis melhores.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (12) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.