Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Política

Notícia

A estranheza de ter uma família política no Planalto e a dúvida sobre Bebianno

Por Fernando Duarte

A estranheza de ter uma família política no Planalto e a dúvida sobre Bebianno
Foto: Reprodução / Facebook

Nunca antes na história desse país uma família de políticos chegou ao Palácio do Planalto. Quer dizer: desde a redemocratização, é a primeira vez que um presidente da República possui herdeiros políticos que atuam simultaneamente na cena nacional. Jair Bolsonaro e seus três filhos, Flávio, Eduardo e Carlos, ainda não se acostumaram com a ideia do poder. Tanto quanto o Brasil, que não viveu até o momento uma situação similar na sua história. O episódio envolvendo o agora ex-ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, confirma que a linha tênue entre família e política não está muito clara.

 

A confusão entre o que é família e o que é governo existe e é bem explícita. Tanto que reações de bastidores sugerem insatisfações mesmo dentro do Planalto sobre a participação dos filhos na articulação política. Desde a posse do presidente, Flávio e Carlos se envolveram em sucessivas polêmicas, que não permitiram um momento de “respiro” para que Bolsonaro falasse exclusivamente do governo.

 

O chefe do Executivo, inclusive, opta por proteger os “garotos” ao invés de tomar as rédeas para si. Se agora já começa a criar problemas, a tendência é sempre piorar. E Bolsonaro não se mostrou incisivamente contrário a qualquer influência dos filhos no governo. É uma estratégia arriscada, mas totalmente enquadrada nos padrões pré-estabelecidos pelo presidente ao longo da campanha, já que Carlos é considerado um dos responsáveis pela construção da figura pública do pai ao longo dos anos que antecederam a corrida eleitoral.

 

Veio de Carlos, inclusive, toda a tensão que provocou a demissão de Bebianno ontem. O vereador do Rio de Janeiro – portanto, sem qualquer vinculação com Brasília – foi quem tornou pública a rusga entre o ex-ministro e o presidente em torno do chamado “laranjal do PSL”, como ficou conhecido o escândalo em torno do uso de candidatas laranja para acesso aos recursos do fundo partidário. Para tentar “proteger” Bolsonaro, optou-se por derrubar o ex-presidente do PSL, que coordenou nacionalmente a campanha presidencial.

 

Enquanto os petardos forem disparados contra aliados, é possível que o desgaste fique restrito à imagem do grupo político. O problema é quando atingirem, ainda que tangencialmente, membros do Congresso Nacional. No Legislativo, o governo precisa votar projetos relevantes como a reforma da Previdência e o pacote anticrime, e qualquer perturbação num relacionamento construído de maneira bem insípida pode provocar derrotas importantes. Bolsonaro estaria disposto a pagar para ver?

 

Sobre a demissão de Bebianno, a justificativa formal para a saída do ministro foi uma decisão de “foro íntimo” do presidente. Desde a última quarta-feira, quando o ex-dirigente do PSL foi chamado de mentiroso por Jair e Carlos Bolsonaro, a permanência dele no governo é que seria uma surpresa. O foro íntimo parece então uma certa “birra” do 02 com o antigo aliado. Agora resta saber se, depois de fritado em público, Bebianno vai sair sem atirar. E essa dúvida pode permanecer durante algum tempo. É só esperar para ver se alguém será atingido. Ou quem.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (19) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.