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Ano de surpresas, 2018 deve ser encarado como marco de aprendizado ou de decepções

Por Fernando Duarte

Ano de surpresas, 2018 deve ser encarado como marco de aprendizado ou de decepções
Foto: Tania Rego/ Agência Brasil

O ano se aproxima do fim e algumas reflexões são necessárias antes que possamos seguir em frente. Desde uma eleição marcada por um país dividido a um ex-presidente preso. E é inegável que pouca coisa do que aconteceu ao longo dos últimos doze meses era previsível ou, no mínimo, esperada.

 

Talvez o momento mais marcante para o Brasil tenha sido o período eleitoral. Enquanto Bolsonaro era tratado até o início do ano como um mero figurante no processo, o deputado federal foi consolidando o próprio nome e acabou vencendo o pleito de outubro sem ter sido efetivamente ameaçado do ponto de vista eleitoral. A única e mais delicada ameaça veio do atentado sofrido por ele no início de setembro, ainda durante a corrida pelo primeiro turno das eleições. A facada que poderia ter tirado a vida dele acabou confirmando o favoritismo e sendo decisiva para que ele chegasse à Presidência da República.

 

Além disso, Bolsonaro contou com a saída de um jogador importante da disputa: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso em abril e assistiu de longe a construção da narrativa eleitoral que culminou com a vitória do capitão reformado. Lula e o PT esticaram ao máximo a candidatura dele e quando Fernando Haddad foi apresentado já não restava mais uma coalisão de esquerda que provocasse uma mudança de cenário.

 

Na Bahia, 2018 assistiu ao esfacelamento da oposição ao governador Rui Costa depois que o prefeito de Salvador, ACM Neto, optou por não concorrer ao Palácio de Ondina. Acusado de não se sacrificar pelo grupo político, o gestor soteropolitano nunca disse que seria candidato, porém demorou a negar que aceitaria participar do pleito. Ainda que rechace a pecha, ACM Neto saiu ligeiramente menor politicamente do que quando o ano começou.

 

O mesmo não se pode dizer de Rui Costa. O governador reeleito viu aliados se aproximarem de ACM Neto e voltarem com o “rabinho entre as pernas” depois que o prefeito de Salvador permaneceu no Palácio Thomé de Souza. O petista se consolidou como um dos grandes nomes da legenda em todo o Brasil e, mesmo com o jeito menos afável de fazer política, cresceu ao ponto de dar muitas cartas e impor as próprias vontades na base aliada. Tal qual Bolsonaro, Rui encerrou o ano com mais vitórias que derrotas.

 

Outro fato marcante de 2018 relacionado às eleições foi a derrocada de nomes tradicionais do campo político. Saíram de cena – ao menos de mandatos eletivos – figuras como Romero Jucá, Eunício Oliveira, Dilma Rousseff, José Carlos Aleluia, Benito Gama e Lúcio Vieira Lima. Este último, além de não ser reeleito para a Câmara dos Deputados, ainda corre o risco de fazer companhia ao irmão Geddel, preso há mais de um ano, numa reviravolta impensável há poucos anos.

 

O país segue polarizado entre nós e eles. No entanto, o Brasil nem se transformou em Venezuela, o que ocorreria caso a esquerda chegasse ao poder, ou nas Filipinas, caso a direita assumisse o Palácio do Planalto. Começaremos 2019 com Jair Bolsonaro na presidência, Rui Costa no governo da Bahia, ACM Neto na prefeitura de Salvador e tudo como era antes no quartel de Abrantes. Gostemos ou não do ano que passou, uma coisa é inegável: aprendemos muito a não nos assustarmos mais com o desconhecido. Ao final, há sempre uma mensagem de otimismo. Ainda que seja da boca para fora...

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (28) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.