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Sumiço de Vado Malassombrado e as desvantagens de ser 'invisível'

Por Fernando Duarte

Sumiço de Vado Malassombrado e as desvantagens de ser 'invisível'
Foto: Reprodução / Leitor BN

O que aconteceria se 7.405 pessoas ficassem desaparecidas simultaneamente? Um caos estaria instaurado e, provavelmente, o mundo estaria mobilizado para encontrá-las. Isso não é um episódio de Lost ou de uma série de ficção. Na verdade, é uma reflexão sobre o desaparecimento do suplente de vereador Vado Malassombrado, que deixou a Câmara de Salvador na manhã da última segunda-feira (3) e só voltou a ter contato com o mundo quase 48h depois, encontrado perambulando e “confuso”, segundo relatos iniciais, nas dunas de Itapuã.

 

O vereador do DEM não costuma se levar a sério. Entre os pares, é quase considerado uma piada. Provavelmente pela origem humilde. Em 2012, quando Vado foi eleito pela primeira vez, parecia que a ingenuidade política dele seria trucidada pelos mais experientes. Não foi o caso e ele quase foi reeleito quatro anos depois. Representante da Massaranduba, Vado aprendeu a jogar o jogo político. Só não parece ter ganhado um espaço de destaque no rol de importância da cena.

 

Mesmo na condição de suplente, ele estava no exercício do mandato de vereador e, em 2019, vai assumir em definitivo a cadeira na Casa do Povo. No entanto, o sumiço dele mereceu mais destaque na imprensa do que qualquer mobilização no seio político. O tom não chegava a ser de jocosidade, porém não pareceu provocar atenção de outros vereadores ou até mesmo de autoridades para investigar o que teria acontecido com Vado.

 

As atividades da Câmara de Vereadores não cessaram. Foi durante a sessão de terça que o chefe de gabinete do edil deu por falta dele. Vado não costuma faltar as sessões ordinárias e não tinha chegado para a daquele dia. Pouco depois, a família dele registrou queixa do desaparecimento e as investigações sobre o caso foram iniciadas.

 

Porém, mesmo se tratando de uma pessoa pública, o vereador não mereceu o pronunciamento, por exemplo, do prefeito de Salvador, ACM Neto, que também preside o DEM, partido ao qual Vado é filiado. A expectativa seria para se solidarizar com a família ou, simplesmente, pedir empenho da Secretaria de Segurança Pública para solucionar o caso rapidamente. Se alguma das duas coisas aconteceu, foi no silêncio dos bastidores, algo bem incomum para políticos.

 

Para ampliar ainda mais a tensão em torno do caso, relatos de que Vado, antes de desaparecer, teria pedido um modelo de carta de renúncia do mandato foram confirmados por assessores da Câmara. Aos prantos, o vereador teria sugerido que a família estaria em risco e por isso poderia deixar o cargo.

 

Nada disso mereceu uma manifestação conjunta de vereadores para que Vado fosse encontrado o quanto antes, sob pena de um representante eleito pelo povo seguir desaparecido com poucos vestígios ou explicações plausíveis para o sumiço. Apenas posições pontuais, que mostram que o edil é bem menos relevante do que os votos tornaram ele.

 

Vado não se leva a sério. E, ao que pareceu com o episódio do sumiço, poucos o levam. No entanto, esses poucos somaram 7.405 votos nas eleições de 2016 e o tornaram vereador. Então o desaparecimento dele merecia mais atenção. Aliás, qualquer desaparecimento merece.

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (6) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.