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BRT de Salvador: Apropriação política e indignação seletiva

Por Fernando Duarte

BRT de Salvador: Apropriação política e indignação seletiva
Foto: Divulgação

O secretário de Mobilidade Urbana de Salvador, Fábio Mota, passou ontem pela redação do Bahia Notícias para explicar o projeto do BRT de Salvador, envolto em uma série de polêmicas após o início das obras. A visita faz parte de uma tentativa da gestão municipal de mitigar os efeitos negativos das críticas feitas por personalidades como Caetano Veloso ao projeto com diversas intervenções no trecho entre a Estação da Lapa e o Iguatemi, passando pelas avenidas Vasco da Gama e Juracy Magalhães. Como se sabe, o projeto não é unanimidade. Porém a discussão está longe de ser unicamente técnica ou urbanística como adversários políticos buscam vender. Há sim uma questão política e também um quê de indignação seletiva por parte dos interlocutores que agora participam da discussão. E, antes que haja uma chuva de críticas sobre esse posicionamento, garanto que, ainda durante a concepção do projeto, não foram raras as vezes em que o Bahia Notícias trouxe o debate sobre o projeto do BRT, ouvindo pessoas contrárias ao projeto quando ainda não se falava em desmatamento de árvores ou destruição de canteiros (clique aqui e veja um exemplo). Um dos especialistas ouvidos pelo BN à época, o arquiteto Carl Von Hauenschild, do conselho do Instituto dos Arquitetos da Bahia (IAB), inclusive, mantém a postura contrária às intervenções. Ele é apenas um dos exemplos de pessoas que buscam participar ativamente de discussões sobre questões urbanísticas da capital baiana e, por isso, merece todo o respeito possível. O mesmo não se pode falar de muitos outros atores políticos que, amparados por puro casuísmo, aparecem como críticos vorazes do BRT desde a concepção original do projeto. Não o são. E não adianta dizer que desconheciam o projeto. É desnecessário ser especialista em arquitetura para saber que a construção de um modal como o BRT não iria manter intactos os trechos de canteiros centrais nas avenidas cortadas pelo projeto. Quando o metrô de Salvador foi construído, eventuais impactos urbanísticos do modal nas avenidas Bonocô ou Paralela não tiveram a mesma intensidade de críticas que se vê agora. A linha 2 do metrô, por exemplo, destruiu um parque urbano elaborado com a colaboração do paisagista Burle Marx, uma referência na área. No entanto, o barulho foi bem menos evidente. O BRT Lapa-Iguatemi está longe de ser perfeito – nem o é. Porém esses ataques tardios ao projeto só corroboram com o discurso da prefeitura de que há apropriação política do tema. E dificilmente os críticos reais das intervenções acham que reforçar a defesa feita pelo Executivo é uma estratégia satisfatória. Este texto integra o comentário desta quinta-feira (17) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.