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Condução de Sarkozy diminui força de argumento usado por aliados de Lula

Por Fernando Duarte

Condução de Sarkozy diminui força de argumento usado por aliados de Lula
Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula

Nunca antes na história do Brasil um ex-presidente da República tinha sido conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos à Justiça. O episódio aconteceu em março de 2016, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à Polícia Federal se manifestar em um dos muitos processos em que é investigado. Desde então, foram muitas as vezes em que foi bradado aos quatro ventos que apenas no Brasil, um país cujas instituições não funcionam bem, uma figura pública com a representatividade de Lula seria forçado a comparecer à Justiça. O argumento lembra um pouco do complexo de vira-lata, algo bem típico do brasileiro médio, que acredita que, nas terras tupiniquins, as regras da civilização moderna não chegam. Pois eis que, de onde menos se espera, o jogo virou um pouco. Veio da França um exemplo de que líderes políticos não são – e não devem ser – intocáveis. O ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, foi detido para interrogatório por um suposto escândalo de financiamento ilegal de campanha, por meio do ex-ditador Líbio, Muammar Gaddafi. Sarkozy, inclusive, chegou a ser listado por Lula como testemunha no processo que envolve a compra de caças, ainda em tramitação na Justiça. O francês e o brasileiro foram contemporâneos no comando dos respectivos países e nutriram amizade. Ao ponto de, como registrou Lauro Jardim à época, ter sido Sarkozy um dos responsáveis por Lula se assumir como candidato à presidência da República do Brasil em 2018 (o francês teria dado o conselho sob o argumento de que “quem fica parado na árvore vira alvo, tem que se mexer"). Por coincidência, dois anos depois de Lula ter ido pela primeira vez “bater um papo” com a Polícia Federal, no mesmo mês de março, Sarkozy foi chamado à Justiça na França para falar sobre a acusação da qual é alvo – e pode ficar até dois dias sob custódia policial. Os casos de Lula e de Sarkozy são completamente distintos, sei disso. E, até o momento, não há registro de financiamento internacional ilegal para as campanhas presidenciais brasileiras. Porém, como o destino prega muitas peças, não deixa de ser irônico que um amigo de Lula, em circunstâncias parecidas de investigação, tenha sido o responsável por derrubar o mito de que países sérios não conduzem coercitivamente ex-presidentes. Ou na França as instituições também não estão em bom funcionamento? Este texto integra o comentário desta quarta-feira (21) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior FM, Clube FM e Irecê Líder FM.