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'Eu não faço nada de errado, eu só trafico drogas', afirma senador Zezé Perrella a Aécio

'Eu não faço nada de errado, eu só trafico drogas', afirma senador Zezé Perrella a Aécio
Foto: Reprodução / TV Senado

Com a retirada do sigilo das gravações interceptadas do senador Aécio Neves (PSDB-MG), veio à tona mais uma conversa polêmica. Dessa vez com o também senador e amigo de Aécio, Zezé Perrella (PMDB-MG). O tucano ligou para Perrella com o propósito de reclamar sobre uma entrevista concedida pelo peemebista à rádio Itatiaia, mas o que chama atenção no diálogo é uma revelação feita por ele. "Na verdade, eu sou muito agredido por causa daquele negócio do helicóptero. Eu não faço nada de errado, eu só trafico drogas", justifica, em meio às desculpas. O senador se refere ao "helicoca", caso que aconteceu em novembro de 2013 quando um helicóptero da empresa Limeira Agropecuária, do então deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG), seu filho, foi pego pela Polícia Federal (PF) com 450 kg de pasta-base de cocaína. Horas antes de ser apreendida pela PF, a aeronave tinha pousado para abastecer a 14 quilômetros da pista de Cláudio, aeroporto construído em um terreno pertencente à família de Aécio durante a gestão do tucano no governo do Estado. Na época, a defesa dos Perrella alegou que eles não tinham qualquer conhecimento da droga e que o piloto teria usado o helicóptero sem permissão. Nem pai nem filho chegaram a responder judicialmente pelo caso. O piloto, que era funcionário da agropecuária e recebia salário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, foi exonerado do cargo público. Ele e o copiloto chegaram a ficar presos, mas foram liberados em abril de 2014 e aguardam julgamento em liberdade. Gustavo, hoje, é secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor. Com a família ligada ao esporte, Zezé foi presidente do Cruzeiro Esporte Clube por dois mandatos e é pré-candidato ao posto. Ao ouvir Perrella afirmar que “apenas trafica”, na ligação registrada em abril deste ano e divulgada pelo portal Hoje em Dia, Aécio consente com risos e segue com as reclamações. Ele ressalta que ficou chateado com o parlamentar justamente pela relação mantida entre os dois – o peemedebista chegou ao Senado como suplente de Itamar Franco e foi apoiado por Aécio. “Eu vou falar como amigo, com liberdade de amigo, eu achei... Olhe... Poucas vezes, eu vi declaração tão escrota como essa que você deu na Itatiaia hoje”, reclama, em referência ao depoimento de Perrella citado na rádio. No pronunciamento discutido, o peemedebista exalta o fato de não ter sido citado nas delações da Operação Lava Jato. Na conversa de cerca de cinco minutos, Aécio ressalta que é hora de ter “solidariedade” e chama atenção para o fato de que Perrella pode ser citado a qualquer momento. “Como você acha que você chegou no Senado? Sua campanha foi financiada do mesmo jeito que a minha”, afirma. Durante todo o diálogo, Perrella se mostra constrangido e culpa o veículo de comunicação por ter usado sua declaração, que ele alega ter feito em uma rede social. “Eu passei do ponto, eu te peço desculpas... A Itatiaia deve ter tirado do meu Instagram. Eu quis dar uma satisfação muito mais no meu Twitter, onde as pessoas me agridem 24 horas por causa daquele negócio que você sabe, da sacanagem que fizeram comigo”, volta a se retratar. Perrella se despede com a promessa de que vai dar uma entrevista à rádio para ressaltar que tem certeza que Aécio e Antonio Anastasia (PSDB-MG), também citado na Lava Jato, são “injustiçados”.

 

Há duas semanas, com a divulgação da delação da JBS, Aécio foi afastado do Senado. Outra ligação aponta que ele pediu R$ 2 bilhões ao empresário Joesley Batista, com a justificativa de que precisa pagar as despesas de um advogado para se defender das acusações com a Lava Jato. No entanto, o percurso feito pelo dinheiro aponta que o primo do tucano, Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred, pegou a quantia com a empresa e repassou ao então assessor parlamentar de Perrella, Mendherson Souza Lima. Por sua vez, Lima fez três viagens de carro até Belo Horizonte, onde é acusado de tentar negociar para que o montante fosse parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, outra empresa de Gustavo Perrella. Fred e Lima foram alvo de prisão na Operação Patmos.