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‘Casa de viadinhos’: Aluno da Unijorge denuncia homofobia por parte de professora

Por Bruno Luiz

‘Casa de viadinhos’: Aluno da Unijorge denuncia homofobia por parte de professora
Foto: Divulgação

“Você vai fazer uma casa de viadinhos”. Foi isto que o estudante de Arquitetura e Urbanismo da Unijorge, Jether Felipe Gama, teria ouvido da professora ao apresentar a ela seu projeto de conclusão de curso. Ao dizer “casa de viadinhos”, a docente estaria falando, na verdade, de uma casa de acolhimento para jovens LGBTs. Homossexual assumido, o estudante resolveu utilizar seu projeto para construir um lar para jovens muitas vezes colocados para fora de casa pelas famílias, apenas por conta de sua orientação sexual ou gênero. Ao ouvir as palavras, Jether conta ter alertado que “viadinhos” não era o termo correto para se referir aos LGBTs. E afirmou ter recebido como resposta a indiferença da professora, que teria se negado a se retratar. Surpreso e indignado com a atitude, ele recorreu à direção da instituição e ingressou com um processo administrativo contra ela. Uma comissão foi instaurada para investigar as denúncias, mas, ao ser informado sobre qual punição a professora sofreria, Jether teve outra surpresa. A docente seria apenas advertida, pois, segundo a instituição, o currículo dela é “muito bom” para uma penalidade mais severa. Além do desconforto provocado pela declaração, o estudante passaria agora a ter que lutar contra o que classifica como “descaso” da Unijorge. “Na semana passada, eu questionei se, por conta da meritocracia, ficaria isso mesmo. Ingressei com um pedido para ter uma documentação dizendo que o resultado seria esse [advertência]. Eles não me deram. A gente pensou que essa advertência seria apenas para calar a gente, pois passamos a fazer protestos dentro da universidade. Na semana passada, nós espalhamos cartazes contra homofobia pela universidade, passamos a fazer barulho lá dentro”, contou Gama, em entrevista ao Bahia Notícias.

Em protesto, alunos colaram cartazes pela Unijorge | Foto: Arquivo Pessoal

O caso aconteceu há três meses, mas somente agora o estudante decidiu relatar publicamente o que ocorreu. Ele afirmou que inicialmente tentou evitar a exposição que a publicização do caso traria, mas agora, com a resposta da Unijorge, decidiu denunciar o que aconteceu. “A princípio, pensei que a instituição teria a posição correta. Achei que o caso seria tratado da melhor forma possível. Eles deram uma desculpa extremamente esfarrapada. A violência que foi sofrida foi diretamente pra mim e pra toda comunidade [LGBT]. Neste sentido, eu ponderei que seria necessário que viesse à tona”, explicou. O estudante afirmou também que, além de se sentir violentado pela declaração da professora, não conseguiu mais frequentar as aulas e, por isso, acabou atrasando o curso. “Não foi somente um atentado. Ela [professora] dá aulas como se nada tivesse acontecido. Não teve nenhum pedido de retratação por parte dela. Eles [Unijorge] não vieram a público pedir desculpas. Eu me afastei das aulas, me atrasei por causa disso, são coisas que não são reparadas. Neste sentido psicológico, foi uma catástrofe”, lamentou. Em nota, a Unijorge afirmou que “não compactua com qualquer ato que possa ser classificado como inadequado ou ofensivo por parte de seu corpo docente, assim como por funcionários e/ou alunos” e que está ciente do ocorrido com o aluno. “A instituição prontamente se fez presente por meio da coordenadora do curso do aluno, designando, na sequência, uma comissão para investigar e ouvir todos os envolvidos. Após as oitivas do aluno, da professora e de pessoas indicadas por cada um como testemunhas, com o acompanhamento da área acadêmica e jurídica da instituição, a professora recebeu uma advertência formal, medida prevista e cabível para o caso”, disse. Ao contrário do que relatou Gama, a instituição afirmou que tem prestado “todo o apoio ao aluno nas necessidades que vêm sendo apresentadas desde o ocorrido, reafirmando sua postura de trabalho e diálogo para a inclusão e acessibilidade no ensino superior”.