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Juazeiro: Perda de apoios na base e oposição unida ameaçam reeleição de prefeito

Por Ailma Teixeira

Juazeiro: Perda de apoios na base e oposição unida ameaçam reeleição de prefeito
Foto: Divulgação/ PMJ

Candidato à reeleição em Juazeiro, o prefeito Paulo Bomfim (PT) corre o risco de ser gestor de um mandato só. O combo gestão mal avaliada somada à força da oposição indica para um melhor posicionamento da assistente social e ex-vereadora Suzana Ramos (PSDB) nas pesquisas eleitorais.

 

Na cidade, a eleição de 2020 se desenha com seis postulantes ao Executivo municipal. Além de Bomfim e Suzana, Breno Rainam (PSOL), Capitão Moreira (Avante), Coronel Anselmo Bispo (DEM) e Raffani Souza (Republicanos) estão na briga.

 

Esses últimos quatro, no entanto, apresentam menor expressividade nas estimativas eleitorais. O levantamento feito pela Séculus Análise e Pesquisa, sob encomenda do Bahia Notícias, no início deste mês mostrou Suzana com 43,42% das intenções de voto contra 26,71% de Paulo Bomfim no cenário estimulado, quando o entrevistado sabe quais são as opções na mesa.

 

Essa mudança na balança de forças começou a se desenhar tempos atrás. Eleito pelo PCdoB em 2016, Bomfim foi o nome à frente de uma coligação que reuniu 11 legendas. Desse total, no entanto, seis abandonaram o projeto - PDT, PTB e Pros apoiam a candidatura de Suzana, PSL e PSC integram à coligação de Coronel Anselmo e o PRB, hoje Republicanos, lançou candidatura própria com Raffani.

 

No caso do PDT, que inclusive ocupou a vaga de vice na eleição anterior, com Doutora Dulce, a aliança foi se estremecendo a ponto de o próprio Bomfim dispensar o apoio do partido para a eleição deste ano. Os pedetistas disseram que a medida foi recebida "com tranquilidade", uma vez que a "voz" prometida dentro do governo "nunca foi dada a ninguém". Com isso, os membros da legenda com cargo na administração municipal deixaram seus postos e, em seguida, o PDT decidiu apoiar o projeto da tucana.

 

FORTALECIMENTO DA OPOSIÇÃO

O processo de alianças em prol do nome de Suzana contou com a influência do ex-prefeito da cidade, Joseph Bandeira (SD). Ele próprio seria o candidato se não tivesse sido considerado inelegível pela Justiça em decorrência de um processo por improbidade administrativa - a decisão em questão acabou por ser revista nesta semana, mas aí as candidaturas já estavam registradas e o cenário, definido. O político indicou seu filho, Leonardo Bandeira (SD), para o posto de candidato a vice, e o grupo vem conquistando apoio até de integrantes de legendas que possuem candidato próprio na eleição.

 

É o caso do Democratas, que lançou a candidatura do Coronel Anselmo Bispo, mas não conseguiu unanimidade entre os partidários. Caciques da legenda no município, como o empresário John Khoury, declararam apoio abertamente a Suzana. 

 

Eles argumentam que ela é a candidata com chances reais de retirar a cidade das mãos do grupo que a comanda há 12 anos, já que Anselmo tem marcado menos da metade que a ex-vereadora nas pesquisas. No último levantamento feito pela Séculus, por exemplo, ele chegou a 12,11% das intenções de voto, em terceiro lugar.

 

SALDO NEGATIVO

O segundo fator que prejudica a reeleição de Bomfim também está explícito nas pesquisas eleitorais: a maioria dos eleitores de Juazeiro reprova a gestão do petista. A porcentagem de pessoas que avaliam o governo como péssimo (18,42%) ou ruim (13,16%) soma 31,58%, menor apenas do que o grupo que considera a gestão como regular, composto por 38,29% dos entrevistados. Na outra ponta, estão os 22,37% que acreditam que o governo é bom e os 6,58% que o classificam como ótimo.

 

Com isso, ele é o candidato líder em rejeição, apontado por 38,55% dos eleitores como o postulante no qual eles não votariam de jeito nenhum. Por outro lado, Suzana e Coronel Anselmo, que são os opositores que melhor pontuam, são rejeitados por 13,82% e 11,71% dos juazeirenses, respectivamente.

 

Não fosse só isso, a situação de Bomfim na sua própria base não é das mais confortáveis. Eleito em 2016 pelo PCdoB, ele migrou para o PT e sua antiga legenda não ficou nem com a vice. A vaga foi para o PP, com Charles Leão.

 

ESTREANTES E ISOLADOS

Embora a tendência seja de decisão entre dois nomes experientes - Bomfim é o atual prefeito e Suzana já se candidatou a outras quatro eleições, sendo eleita vereadora por dois mandatos (2009-2012 e 2013-2016) -, metade dos candidatos em Juazeiro é estreante na política partidária.

 

Um exemplo é o postulante do PSOL, Breno Rainan. O estudante de apenas 25 anos disputa uma eleição pela primeira vez e é o candidato mais novo no pleito. Outro que decidiu apostar em uma cara nova e também jovem foi o Republicanos, representado na eleição pelo empresário Raffani. A legenda foi mais uma que abandonou a base de Bomfim.

 

Outro novato é o Coronel Anselmo, que foi convidado para ingressar no DEM pelo deputado federal Elmar Nascimento. Ele faz parte do grupo de militares que se engajaram na política partidária após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), capitão reformado do Exército. Como vice, ele tem o forrozeiro Targino Gondim (Cidadania), pouco mais experiente na vida eleitoral, pois foi candidato a deputado federal em 2018.

 

Já o quarto nome na disputa é o bombeiro Capitão Moreira (Avante), mas ele já concorreu como vereador pelo PV, em 2004. Assim como Breno e Raffani, o militar marcha com o partido isolado, sem coligações.

 

CONDIÇÕES FINANCEIRAS

Sem surpresas, as candidaturas aparentemente mais promissoras são também aquelas mais turbinadas financeiramente. De acordo com os números verificados na tarde desta quarta-feira (21), no portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a campanha de Coronel Anselmo foi a que recebeu mais recursos até o momento: R$ 400 mil. Na sequência, vem a chapa encabeçada por Paulo Bomfim, com R$ 303 mil disponíveis, e a de Suzana Ramos, com R$ 190 mil.

 

Já Raffani, que registrou apenas 2,11% das intenções de votos na última pesquisa feita pela Séculus, recebeu R$ 9 mil até agora. Os demais candidatos, Breno Rainam (PSOL) e Capitão Moreira (Avante), ainda não prestaram contas.

 

Todos os dados de pesquisa eleitoral citados nesta matéria se referem ao levantamento encomendado pelo Bahia Notícias ao instituto Séculus Análise e Pesquisa. Foram realizadas 1.060 entrevistas, de 3 a 5 de outubro, com eleitores a partir dos 16 anos. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro, de 3,0 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BA-05543/2020 (saiba mais aqui).