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Entrevista

Stella Tomás, coordenadora do Projeto (a)mar

Por Rafaela Souza

Stella Tomás, coordenadora do Projeto (a)mar
Foto: Reprodução / Instagram

Criado há quase quatro anos pela bióloga Stella Tomás, o projeto (a)mar busca a disseminação do amor e respeito ao mar, aos ecossistemas costeiros, marinhos e à natureza como um todo, através de ações que promovem a harmonização entre o ser humano e o meio ambiente.

 

Entre as ações realizadas estão a realização de palestras sobre conscientização ambiental, mutirões de limpeza nas praias, passeios ecológicos e monitoramento dos animais marinhos. O projeto se concentra nas praias do litoral sul da Bahia, entre os municípios de Ilhéus, Itacaré, Canavieiras e Maraú.

 

A idealização do projeto está diretamente ligada a especialização da bióloga, que é mestre em Conservação da Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável. “Eu já trabalho com conservação marinha desde 2006 aqui na região, mas estava fazendo o mestrado e identifiquei dentro da minha pesquisa uma lacuna do conhecimento em relação à biodiversidade costeira e marinha da Bahia, principalmente neste trecho entre Ilhéus e Itacaré, que é onde atuamos com mais ênfase”, explica.

 

Além da bióloga e coordenadora do (a) mar, a equipe técnica responsável pelo projeto é formada pelo médico veterinário, Wellington Laudano e uma educadora ambiental. A iniciativa também conta com a participação de uma pessoa responsável pela comunicação e voluntários. “A gente recebe diversos voluntários, porque não temos um financiador. Como a maioria das ONGs, sobrevivemos da venda de produtos, prestação de serviços e doações. Ninguém da equipe recebe remuneração por enquanto, porque a gente ainda não tem caixa suficiente. Então, é tudo ação voluntária tanto na parte de monitoramento quanto na parte de pesquisa e marketing”, ressalta.

Foto: Reprodução / Instagram

 

Qual o objetivo do projeto e quando foi criado?

O (a)mar é uma iniciativa em prol da conservação marinha e costeira do litoral sul da Bahia. O projeto foi criado no final de 2015, mas só iniciou as atividades em 2016.

 

Como foi o processo de criação do projeto?

Eu já trabalho com conservação marinha desde 2016 aqui na região, mas estava fazendo o mestrado e identifiquei dentro da minha pesquisa uma lacuna do conhecimento em relação à biodiversidade costeira e marinha da Bahia, principalmente, neste trecho entre Ilhéus e Itacaré, que é onde atuamos com mais ênfase. Depois disso, convidei as pessoas para a formação do projeto.

 

 

Quais as localidades do litoral sul que vocês atuam?

Atualmente, temos voluntários atuando entre Maraú e Canavieiras. Tem algumas pessoas que também estão envolvidas com o projeto, mas estão em Porto Seguro e Arraial D'Ajuda.

 

Quais são as ações realizadas pela equipe?

A gente atua tanto com ações de conscientização da educação ambiental através de campanhas quanto às ações de monitoramento ambiental nas praias, como no período reprodutivo das tartarugas para a proteção dos ninhos, e também fora desse período tem as ocorrências de animais que chegam debilitados ou mortos que ocorrem o ano inteiro. Neste caso, não é só com tartaruga também atendemos as ocorrências relacionadas a aves marinhas, golfinhos e baleias. Em determinados períodos do ano, a gente fortalece determinadas campanhas usando os animais como bandeira, mas a intenção é da conservação como um todo.

 

A equipe responsável pelo projeto é formada por quantos integrantes?

A equipe técnica são três pessoas, a educadora ambiental, eu que sou a bióloga e o veterinário que também é biólogo. Além disso, contamos com a ajuda de uma profissional de comunicação que cuida da imagem do projeto. As outras pessoas envolvidas são voluntárias e atuam pontualmente em determinadas situações. Temos uma pessoa que é responsável pela comunicação do projeto.

 

O que é preciso para se tornar um voluntário?

Quem tem interesse de se voluntariar pode entrar em contato conosco através das nossas redes e a depender da habilidade e experiência poderá participar.

 

De onde vem a renda para manter o projeto? Vocês recebem algum apoio?

Não temos um financiador e, como a maioria das ONGs, sobrevivemos da venda de produtos, prestação de serviços e doações. Ninguém da equipe recebe remuneração por enquanto, porque a gente ainda não tem caixa suficiente. Então, é tudo ação voluntária tanto na parte de monitoramento quanto na parte de pesquisa e marketing. Ainda tiramos dinheiro do próprio bolso. Estamos procurando patrocínio. No entanto, a gente já teve o suporte de um edital há dois anos, mas esse ano não abriu novamente.

 

Quais são as maiores dificuldades enfrentadas atualmente na preservação do ecossistema marinho?

O aquecimento global em si, a pesca predatória, o lixo, a poluição química dos rios que acabam sendo contaminados por agrotóxicos e a questão do petróleo que causa um impacto fortíssimo. Por isso, a gente desenvolve as capacitações e temos o programa de voluntariado justamente para fazer com que as pessoas vivenciem mais. A gente sente que quando a pessoa vivencia, isso começa a despertar outras questões relacionadas a sua própria vida com o planeta, além de abranger até a rede daquela pessoa porque ela começa a influenciar e ser um semeador das informações dentro dos seus meios.

 

Pesquisas alertam para a grande quantidade de lixo descartado nos mares, como o plástico. Como você avalia isso?

O plástico por si só não é o maior vilão. O problema está no descarte incorreto dele. Infelizmente, ele vai parar nos oceanos. O plástico hoje tá até no sal que a gente consome e na água que a gente bebe por conta da imprudência. A gente faz os mutirões de limpeza nas praias e as campanhas de conscientização durante o monitoramento. Buscamos empresas e pensamos em estratégias para substituir o uso do descartável. Além disso, tem a questão de evitar consumir o plástico e se consumir descartar na coleta seletiva e pressionar o poder público para investir em iniciativas nesse sentido.

 

De que forma a população pode contribuir para a preservação do ecossistema marinho?

Ela pode informar se encontrar um animal marinho debilitado, denunciar em órgãos ambientais se encontrar redes de pesca em locais impróprios, se alguém tiver vendendo peixe ou guaiamum no período de defeso. Denunciar é muito importante e é um papel do cidadão. A comunidade é parte do todo e tudo só acontece se ela abraça a causa. Então, é muito importante agir, não só ver o animal morto e deixar lá, mas entender qual a contribuição que ela teve naquela morte também. Além de conversar com os amigos e família a respeito do assunto e doar o seu tempo ou algum recurso para instituições que estão fazendo bem para o planeta. E digo não só do dinheiro, mas do ato de ajudar mesmo.