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Epifania para uma universidade: o sonho da UFNB

Epifania para uma universidade: o sonho da UFNB
Foto: Acervo pessoal

Quatro territórios e um mesmo objetivo: ressignificar e transpor suas limitações históricas. Uma mesma região e um único propósito: construir uma Universidade Federal transformadora, popular, capaz de espelhar a força e a vida de cada um dos territórios que compõe a Mesorregião do Nordeste da Bahia.

 

Entre o semiárido e o agreste, entre a caatinga e o litoral, essa região carrega em suas histórias as características que fazem da Bahia um espaço construído pela diversidade de sua gente, dos seus modos de vida e dos seus saberes e práticas.

 

Há mais de dez anos que os Territórios da Bacia do Jacuípe, Sisal, Semiárido Nordeste II e Agreste/Litoral Norte, articulam-se em um movimento pela criação de uma universidade que pudesse contemplar o desejo da população dos seus 60 municípios e dos mais de dois milhões e meio de habitantes.

 

A Universidade Federal do Nordeste da Bahia - UFNB respalda-se nas mobilizações realizadas desde o ano de 2010 e intensificadas em 2014, responsáveis por articular a sociedade civil e as lideranças comuns à esses quatro territórios, por meio da realização de assembleias, audiências públicas, em uma mobilização responsável por agregar políticos, cidadãos, estudantes, professores e as comunidades.

 

Remete ao ex-Reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB, professor Paulo Gabriel Nacif, a unificação desses movimentos que anteriormente pleiteavam, em cada território, a criação de uma universidade federal. O marco inicial foi a realização da reunião no ano de 2014, na sede do CONSISAL, na cidade de Serrinha, onde foram estabelecidas as linhas mestras para a unificação dessas lutas e a criação de uma comissão, composta por representantes dos quatro territórios.

 

Desse período inicial aos dias atuais, as transformações econômicas e políticas vividas pelo país e pela região somente vêm a reafirmar a importância da construção de uma universidade federal na mesorregião do nordeste da Bahia. Outro fator que evidencia a importância do projeto é a ausência, na última década, de políticas públicas de longo prazo para o desenvolvimento da educação superior pública no Brasil, o que levou a fortes assimetrias entre os Estados e Regiões. Isto aconteceu com o nordeste da Bahia, fazendo dessa região, ainda nos dias atuais, um dos maiores vazios da educação federal brasileira.

 

A percepção de que os limites educacionais vividos pelo nordeste da Bahia se constituem no principal entrave para o seu desenvolvimento, nos possibilita reafirmar a importância de uma universidade federal como dinamizadora para a região. Essa perspectiva foi também a base para a campanha de mobilização das comunidades e da sociedade civil em favor dessa conquista.

 

Como visto no encontro recente, realizado no mês de novembro de 2021, intitulado Reavivar a mobilização pela UFNB, essa mobilização ainda está viva e é a base para o sentimento de reavivamento desse sonho, em prol de uma universidade nova, popular e diversa.

 

Como diretriz para essa mobilização está a busca por um formato de universidade capaz de lidar com a diversidade do seu território, de sua gente e das especificidades que caracterizam os territórios. Nesse sentido, a Universidade Federal do Nordeste da Bahia - UFNB adotará o regime de ciclos, inspirado na experiência de outras universidades federais baianas que já adotaram esse sistema.

 

Essa proposta busca possibilitar ao estudante um caminho que engloba o primeiro ciclo (bacharelados e as licenciaturas interdisciplinares), o segundo ciclo (formações profissionais), e o terceiro ciclo (pós-graduação lato sensu e stricto sensu), permitindo aos estudantes o desenvolvimento de um percurso baseado na interdisciplinaridade, no desenvolvimento de uma visão crítica e na construção de um conhecimento atrelado às diversidades dos saberes comunitários.

 

Outro ponto central é a criação de uma rede de colégios universitários a ser implantada nas principais cidades que compõe os quatros territórios, de modo a fomentar uma maior capilaridade nas regiões e nas comunidades envolvidas, integrando todas as características que marcam a vida universitária: a pesquisa, o ensino e a extensão.

 

Como exemplo, a UFNB tem como referência a prática já realizada pela Universidade Federal do Sul da Bahia, no desenvolvimento de sua Rede de Colégios Universitários. Dessa maneira, como estruturas universitárias a serem implantadas, além de campi, institutos e centros de formações, a UFNB buscará centrar-se na criação de sua rede de Colégios Universitários em todos os territórios envolvidos. Como marco referencial dessa visão sistêmica está o legado e o pensamento do baiano Anísio Teixeira.

 

Sonhar a Universidade Federal do Nordeste da Bahia é imaginar uma nova sociedade, um novo Brasil, em uma realidade capaz de incorporar as transformações vividas pela sociedade Brasileira nas últimas décadas, por meio da interiorização do Ensino Universitário Público, do REUNI, da Universidade Nova e das Ações Afirmativas. Em outras palavras, criar a UFNB é construir um mundo com as mãos daqueles que viveram e vivem as lutas que marcaram a formação do nosso país.

 

*Francisco Gabriel Rêgo é professor de Audiovisual na Universidade Federal do Vale do São Francisco

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias