Justiça autoriza doação de órgãos de menina que morreu afogada em praia de Salvador

A pedido da Defensoria Pública da Bahia, a Justiça autorizou a doação de órgãos de uma menina diagnosticada com morte encefálica após afogamento. A lei que regulamenta o procedimento determina que a doação de órgãos para menores de idade só ocorra com autorização do pai e da mãe. Como o pai registral da menina era ausente, a mãe pediu na Justiça o direito de doar os órgãos da filha.

A mãe da menina, a manicure Liliam Ferreira, quer guardar as boas lembranças da filha, de 12 anos. A vítima se afogou no dia 22 de setembro, na praia do Cantagalo em Salvador. A manicure tem outros três filhos e vende comida na praia aos finais de semana para garantir uma renda extra para a família. Naquele sábado levou a filha para a praia. “Foi tudo muito rápido. Só saí para entregar um prato e ela sumiu”, lembrou a mãe.

Após a intervenção da Defensoria Pública no caso, a manicure conseguiu a autorização judicial para que os órgãos fossem removidos para doação. “É como se minha filha estivesse viva ainda. O coração dela não parou, ele continua batendo, mas em outra pessoa. Isso ameniza a minha dor, saber que fiz o bem e que os órgãos dela serviram para salvar as vidas de outras pessoas”, contou a mãe, que contava com a ajuda da filha mais velha na criação dos outros filhos.

Após ficar uma semana internada na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Santo Antônio, das Obras Sociais de Irmã Dulce (Osid), a menina teve sua morte encefálica constatada pela equipe médica. Na entrevista feita no hospital, a mãe autorizou a doação dos órgãos e foi encaminhada para a Defensoria Pública, pois não atendia aos requisitos legais para autorizar a doação de órgãos, já que a menina tinha pai registral e ele precisava concordar com a doação. “Eu não sei o paradeiro dele, ele sumiu e nunca teve contato nenhum com a menina desde que ela nasceu. A responsável por ela sou eu”, acrescentou a manicure.