O retorno do Talibã e o iminente retrocesso nos direitos das mulheres
20 anos após terem sido destituídos do poder por uma coalizão militar internacional, o talibã voltou ao poder no Afeganistão. Durante 1996 e 2001 o grupo impôs uma interpretação rígida do Sharia (Lei Mulçumana), esse período foi extremamente sombrio para todos os cidadãos, MAS FOI AINDA PIOR PARA AS MULHERES.
Durante o período em que o governo esteve sob a liderança do Talibã, as mulheres não gozavam de NENHUMA LIBERDADE INDIVIDUAL, NÃO TINHAM AUTONOMIA POLÍTICA, FINANCEIRA, SEQUER DIREITO DE IR E VIR, não podiam sair de casa sem cobrir o rosto, não estudavam, não trabalhavam, não ocupavam cargos públicos e não saíam desacompanhadas.
Nas últimas duas décadas, a representatividade feminina na política vinha avançando, ocupando atualmente 27% das cadeiras no parlamento afegão, demonstrando uma representatividade maior do que aqui no Brasil, onde somente 15% das cadeiras do Congresso são ocupadas por mulheres.
Entretanto desde o último dia 15 de agosto os relatos aterrorizam, muitas mulheres já deixaram seus lugares no mercado de trabalho para que homens ocupem, professoras já vêm sendo pressionadas a deixarem de lecionar e estão sendo também impelidas ao retorno do uso da burca, o que significa um terrível retrocesso sob todas as óticas possíveis.
É preciso reafirmar meu respeito pela autodeterminação dos povos e das nações, todavia não podemos admitir retrocessos nos direitos humanos de um povo, muito menos dos direitos duramente conquistados pelas mulheres e meninas em qualquer lugar ao redor do mundo.
“Nós percebemos a importância de nossa voz quando somos silenciados.” Malala Yousafzai, menina paquistanesa que foi baleada na cabeça pelo grupo rebelde talibã por infringir a “regra” de que meninas não poderiam frequentar escolas, ela é a mais jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz.
*Fernanda Chaves é advogada, chefe de Gabinete da Secretaria de Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (SEMPRE) Salvador, ex-Procuradora Geral do Município e pesquisadora.
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias