Como universidades, família e sociedade podem contribuir para uma nova postura masculina na questão da igualdade de gênero
O tema igualdade de gênero sempre levanta polêmicas por muita desinformação. A primeira delas é achar que é uma luta exclusiva das mulheres, no contexto histórico do surgimento do feminismo. As pautas na busca pelo direito ao voto, divórcio, gestão dos seus bens, liberdade sexual e reprodutiva foram encampadas durante todo o século XX por esse movimento, em resumo, a luta pela igualdade de direitos.
Muitos confundem essa igualdade ao pensar que as mulheres estariam querendo impor uma superioridade, uma relação de dominância. Ledo engano. Isso resulta na ideia pré-concebida do “papel social da mulher” se resumir a ser mãe, esposa, filha. Devemos entender que a escolha desse papel reside exclusivamente a elas. Todavia, o sistema social impõe um modelo desigual entre os gêneros, já que nossa base social é estupidamente machista.
Várias mudanças nesse pensamento foram alcançadas com a massiva presença feminina no mercado de trabalho, na profissionalização e nas universidades. Porém, há ainda uma desigualdade salarial tremenda e de participação política. Para consolidar e ampliar esse pensamento, é preciso que as instituições sociais protagonizem uma educação mais inclusiva, tanto no lar quanto na escola.
Vemos, por exemplo, campanha do Governo do Estado da Bahia alertando para a “masculinidade tóxica”, criando uma reflexão sobre o tratamento que muitos homens dão às mulheres e suas consequências em termos de violência doméstica. Campanhas educativas são a base para a prevenção de violência, o que é louvável.
Uma nova postura masculina para compreender a igualdade de gênero está em entender primeiramente a liberdade: o outro é livre, independente do gênero, orientação sexual, classe, raça, cor. Por conseguinte, o respeito que devemos ter às diferenças.
No âmbito da universidade, temos em destaque o papel social de discutir esse tema e a oportunidade de ampliar discussões sobre as questões de gênero, além de apresentar dados sobre o impacto dessas desigualdades.
O ambiente familiar, base social responsável por transmitir os primeiros valores ao indivíduo, deve reforçar esses dois: liberdade e respeito. Esses são fundamentais para compreender que a mulher é livre e deve ser respeitada nas suas escolhas. Se na família deve-se estimular a autonomia do indivíduo, ao homem que é ensinado a ter respeito pela própria mãe, avó, irmã, pergunto: por que não respeitar as outras mulheres que não fazem parte do seio familiar? A luta pela igualdade das mulheres deve ser respeitada!
*Sóstenes Jesus dos Santos Macêdo é advogado e professor do curso de Direito da Unijorge
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