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Norberto fala da saída da Cangaia e lamenta 'esforço' de bandas de forró no São João

Por Erem Carla

Norberto fala da saída da Cangaia e lamenta 'esforço' de bandas de forró no São João
Foto: Marina Nadal / Bahia Notícias

Intérprete de hits que conduziram o forró dos anos de 2010, como “Ai se eu te Pego”, “Dança do Ice” e “Bolo Doido”, Norberto Curvêllo conta que a iniciativa de ousar na forma de fazer forró foi o diferencial para conquistar o destaque que a banda Cangaia de Jegue teve em todo Nordeste. 

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, o ex-vocalista do Cangaia conta que começou sua carreira musical ainda na faculdade e que, antes do forró, dançava nos palcos de Porto Seguro e tocou em uma banda de pagode. 

 

“Tocava cavaquinho, fazia a coreografia e comecei a interagir com a galera. Em 2002 a gente montou a banda Cangaia de Jegue, já comigo cantando, e misturamos essa onda da dança. Passei a tocar violão e cantar, fiz aula de canto já com vinte anos de idade”, lembra. 

 

Na banda, além de vocalista, Norberto contribuiu como compositor e disse que entrou almejando o sucesso, se inspirando em outros grupos, mas com o pé no chão. 

 

“A gente seguiu muito a FalaMansa até um determinado período e a nossa referência era: ‘a gente quer ser igual a Falamansa’. Até a voz às vezes eu tentava imitar. Depois a gente começou a ter o nosso público, a criar nossas composições, ter a nossa identidade. E quando a gente foi analisar em valores, algumas cidades estavam nos pagando mais do que a própria Estakazero, mais do que o próprio Falamansa”, afirma. 

 

Do sucesso alcançado pela banda, Norberto conta que a música “Dança do Ice”, hit de festas no Big Brother Brasil e gravada por MC Sapão, foi um divisor de águas na sua carreira. 

 

“Eu fiz a música ‘Dança do Ice’ que foi uma linguagem totalmente diferente, com uma forma de tocar totalmente diferente. Quando a gente tocava, a galera do forró saía. Daqui a pouco vinha uma galera que estava no fundão com seu uísque fazendo resenha. Ou seja, estava trazendo um público novo por causa dessa música. Foi um divisor de águas, a gente começou a ver que a gente podia ampliar aquele nicho”.

 

Regravada por Michel Teló, a música “Ai se eu te Pego” chegou a ser dancinha entre as comemorações de jogadores de futebol antes mesmo da onda de coreografias virais do Tiktok. 

 

Norberto conta que quando a música tomou repercussão internacional com o sertanejo, a banda chegou a questionar, mas que ao analisar o mercado musical da época, entende o sucesso da música com Teló.

 

“O sertanejo estava em alta, Michel Teló já tinha a música ‘Fugidinha’, era da Globo, da Som Livre… já tinha uma carreira nacional encaminhada. E a Cangaia vinha com a ‘Dança do Ice’ na Bahia e com ‘Ai se eu te Pego’ gravada em pé de serra. Quando uniu a música com o ritmo que estava crescente nacionalmente, alavancou. Eles investiram muito dinheiro e a gente não investiu praticamente nenhum”, diz. 

 

Fora da Cangaia de Jegue desde 2016, Norberto conta que a transição para a carreira solo foi impulsionada por uma desmotivação que sentiu dois anos antes de se despedir da banda. 

 

“Não queria atrapalhar ninguém na Cangaia, então como eu não tava mais me dedicando como eu me dedicava, achei melhor me afastar. Claro que o processo da saída é meio tenso, às vezes a pessoa não entende o que você escolheu para sua vida”, declara. 

 

Foto: Marina Nadal/Bahia Notícias

 

A amizade com os integrantes da banda não se manteve, mas Curvêllo garante que não saiu com inimizades. "As pessoas acham que recebi propostas para sair, mas foi coisa minha. É igual um casamento, às vezes um lado não entende, não aceita, mas graças a Deus hoje isso já foi resolvido. Claro que a amizade não está quente, mas quando a gente se vê, se fala”. 

 

Para esse São João, Curvêllo diz que as expectativas são as melhores possíveis e lamenta que o forró tradicional ainda precise de muito esforço para integrar as grades de atrações dos eventos juninos.

 

“Por um lado eu entendo que esse povo que está pedindo esses artistas é porque é o que eles estão vendo na mídia. E o pé de serra, o forró não tem grana para isso, para investir para estar lá. É uma força desproporcional.” 

 

O artista ainda lamenta que a aplicação da Lei nº 13.368/2015, que prevê que 60% dos recursos para festas sejam destinados a artistas que expressam a cultura baiana e regional, a “Lei da Zabumba”, não acontece. 

 

“Já que não vai pelo pedido do forrozeiro, que vá pela lei meio que ‘obrigando’ a botar o som que é do São João. Porque se analisar o som que toca hoje no São João, não é o forró pé de serra tradicional. Tem que haver um equilíbrio", opina. 

 

Com “Meu São João”, nova música de trabalho, Curvêllo celebra a volta das festas juninas após dois anos de isolamento social pela pandemia. “Saudade da fogueira queimando, dos 'pipoco' das bomba estourando, de ouvir Gonzagão, aglomeração, de ver todo mundo dançando”.  

 

Escute 'Meu São João':