Museu Digital Cinema de Terreiro traz 'um novo olhar' sobre o cinema negro na Bahia
Por Thiago Teixeira
O Museu Digital Cinema de Terreiro está próximo de completar um mês de atividades. Lançado no dia 26 de abril, a iniciativa, totalmente on-line, retrata os 125 anos de história do cinema negro na capital baiana e em todo o Recôncavo, a partir do acervo e biografia do militante negro e cineclubista Luiz Orlando da Silva.
Luiz Orlando tem importantes contribuições para o cinema baiano, e foi dono de uma rede de cineclubes na década de 1980. O coordenador e idealizador do Museu Digital Cinema de Terreiro, Pedro Caribé, acredita que em muitos momentos o cinema não retratou os negros de verdade, e garante que o Cinema de Terreiro quer mudar isso. "Desde o dia que o Cinema chegou em Salvador, existe cinema negro, porque existem pessoas negras se relacionando com Cinema. E, muitas vezes, [...] a identidade racial dessas pessoas é apagada, ou quando ela está presente nos filmes, ela ocupa um espaço subalternizado nas narrativas", explica Caribé.
No Cinema de Terreiro é possível visitar, através do www.cinemadeterreiro.com, quatro galerias multimídia com músicas, áudios de entrevistas e dezenas de GIFs que reconectam memórias de filmes e documentos digitalizados pelo Arquivo Zumvi Fotográfico. Esses arquivos são do acervo de Luiz Orlando, que conta com mais de oito mil e quinhentos documentos.
O diretor institucional do Zumvi, José Carlos Ferreira, explicou que o Museu possui fotografias, cartazes, xerox, listas de filmes, projetos, jornais de época, revistas, dentre outros materiais. Ele acredita que a iniciativa é importante para a memória do cinema brasileiro e que o acervo que está exposto no Museu, pela sua riqueza, vem para construir uma outra narrativa sobre o cinema nacional e internacional. "Ele [o acervo] é de fundamental importância para nossa memória, porque acaba não só contemplando o cinema, mas também outras áreas, inclusive as questões raciais de modo geral", conta José Carlos.
O Museu Digital Cinema de Terreiro tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda (Sefaz), Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e Secretaria de Cultura da Bahia (Secult).