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Entrevista

Ao lançar 1º música, Denny Denan avisa: ‘Não esperem de mim uma extensão da Timbalada’

Por Bárbara Gomes

Ao lançar 1º música, Denny Denan avisa: ‘Não esperem de mim uma extensão da Timbalada’
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

A última visita de Denny à redação do Bahia Notícias foi para falar da chegada de Millane Hora na Timbalada, em outubro de 2016. Mas, neste mês, ele retornou como Denny Denan, em carreira solo, e visivelmente mais entusiasmado, apesar do cansaço das gravações noturnas do novo repertório. O cantor acaba de lançar a canção “Dançadeira”, uma mistura de reaggaton, música eletrônica e percussiva. Com shows já agendados para agosto, o artista quer imprimir sua identidade nesse início de projeto e, embora cante músicas da antiga banda, adianta: “Não esperem de mim uma segunda Timbalada”.  Ele ainda ressaltou que deixar o grupo idealizado por Carlinhos Brown não foi um desejo que surgiu de um dia para o outro, mas que amadureceu ao longo de, pelo menos, três anos. Confiante, ele garantiu que o momento de alçar novos voos chegou. E, para seus shows, tem preparado uma apresentação com diversos momentos, do clássico ao funk.  Saiba mais!

 

Pode-se dizer que aos 25 anos a maturidade está consolidada, a pessoa responde pelos próprios atos, sustenta-se, tem filhos e uma história, claro! Seus 25 anos na Timbalada são uma vida! Quem era o Denny antes dessa vida e quem é o Denny hoje?

Foi uma história muito linda em que eu realmente me firmei como artista. Eu tive oportunidade de conhecer a alma da música, até porque a Timbalada é uma faculdade musical e de vida. Além de tudo, os 25 anos de amizade, cumplicidade, carinho e musicalidade com Carlinhos que é uma fonte completamente inspiradora (interrompeu para colocar os óculos). Ele é uma fonte inspiradora pra qualquer artista. Foram momentos de muito aprendizado, em que eu me realizei enquanto cantor. Eu fui pro mundo! Falar assim em tão pouco tempo sobre a Timbalada pode ficar vago. Mas esse é o meu sentimento nesses 25 anos em que eu consegui imprimir a minha musicalidade. É muito gostoso falar da Timbalada... Eu não tenho problema nenhum em falar sobre e agradeço muito por tudo que vivi. 

 

Você disse na coletiva de imprensa ter pensado há um tempo em deixar o grupo, mas não foi adiante. O que te fortaleceu neste momento para seguir em carreira solo?

Eu não acordei de um dia pro outro e disse "Eu quero sair da Timbalada". A ideia foi amadurecendo. Há três, quatro anos eu já estava com vontade de fazer as minhas coisas. Lógico que na Timbalada eu ficava à vontade... Carlinhos dava essa abertura. Mas tinha o outro lado Denan, as pessoas só conheciam o Denny. E chegou um momento em que eu desejei fazer isso e dar minha forma com minha identidade a mais. Mas sempre chegava aquele pensamento de que não era o momento... "Vamos segurar mais a onda". Eu tomei a decisão bem antes do verão, mas não contei pra ninguém porque não gosto dessa cogitação "Ah, vai sair depois do Carnaval..." Tem a energia boa dos fãs, mas também tem algo que não é tão bom... O chororo, a agonia. Eu gosto da tranquilidade, da harmonização. Então resolvi sair depois da folia pra eu poder fazer um Carnaval tranquilo.

 

Muita gente chegou a especular que a saída de Millane Hora da banda influenciou o seu desligamento. Isso interferiu?

Nada a ver. Foram duas coisas distintas. Na verdade quando ela saiu eu já estava decidido de que iria sair 

 

Mas ainda tem o último show com a Timbalada, não tem? Como tem sido a preparação pra essa despedida?

O show de despedida será no Tocantins e outro no interior do Pará, nos dias 14 e 15. Vai ser muito longe (da Bahia). Eu não sei como é que vou reagir... Com certeza vai me passar um filme pela cabeça, e ao mesmo tempo eu terei que ser profissional. A emoção não pode vir assim com força não, saca? Mas eu vou me segurar. Vamos ver...

 

O público fica na expectativa em saber como vai ser o seu estilo, o seu repertório... Ao ter acesso à primeira música finalizada, “Dançadeira”, eu vi um trabalho diferente de tudo que você já fez antes, mas com a percussão presente. Seria um equívoco, então, para os fãs esperarem em você uma “nova” Timbalada?

Cria-se uma expectativa muito grande. Eu acabei de lançar a música "Dançadeira" e ela serve de termômetro. Eu espero do público que não ache que eu sou uma extensão da Timbalada. Lógico que eu não vou deixar de ser Timbaleiro nunca. Isso não é só pintar o corpo e ir pro palco cantar. Tem toda uma energia, uma ideologia por trás. Vou cantar músicas da Timbalada, só que não vai ser uma segunda Timbalada. Vai ser o Denny Denan percussivo como ele sempre foi. A minha preocupação agora é imprimir a minha identidade em carreira solo. 

 

Como a sua música percussiva vai se diferenciar?

A música percussiva ela não é igual a outra. Se fosse assim o Olodum seria igual ao Ile Ayê, que seria igual à Timbalada, ao Muzenza, ao Araketu... Eu nunca vou sair da percussão. Lógico que eu vou fazer no meu show um momento romântico, um momento pop, um momento funk, mas sempre com a percussão do lado. Vai ter funk sim, e em um momento eu vou ser o DJ... Vou tocar piano, violão.

 

E como foi a produção para essa sua primeira música “Dançadeira”, lançada neste mês de julho?

Essa música é muito atualizada. O  reggaeton tá na moda agora, mas antes mesmo de sair "Despacito" eu gravei essa música! Para as pessoas não acharem que eu estou na ponga. Essa música está gravada há um ano, exatamente pra minha carreira solo. Então está aí uma música muito bacana, de composição de Pretinho Da Hora, que é um MC de São Paulo que faz o maior sucesso, parceiro meu em letras e composições.

 

Ouça aqui:

 

Além dessa canção, o que vem mais por aí?

Tô preparando EP com seis músicas. Eu estou numa dúvida gigante, pois tem músicas maravilhosas... De minha autoria e de outros compositores. A gente está gravando, perdendo noite... A gente está ganhando noite, na verdade! Dormimos duas, três horas por dia. Tenho a pretensão de fazer os ensaios de verão, mas não definimos o local ainda. 

 

Foi criada uma produtora para cuidar dos seus projetos musicais, a “Casa Mata”. Como surgiu e qual o significado desse nome?

A Casa Mata é 100% baiana. Foi uma produtora que eu abri para cuidar dos meus interesses. Às vezes me perguntam: "Denny, você tem empresário? Não, não tenho. O nome da produtora surgiu, se eu não me engano, na Guerra do Vietnã. Os soldados faziam buracos debaixo da terra para saírem do outro lado e derrotar o oponente. Casa Mata pra mim foi esse momento em que eu tinha que ficar muito calado, só comigo e meus anseios. Você tem que ir por debaixo da terra sem que ninguém saiba, me preparando psicologicamente para que quando eu surgisse, eu pudesse enfrentar a vida sozinho. Então, na minha visão, Casa Mata significa isso.

 

Como tem sido essa fase de deixar de ser produzido para gerenciar a própria carreira?

É maravilhoso! É um desafio pra mim, até mesmo porque todo esse tempo eu estava em uma zona de conforto muito grande, onde eu tinha produção, segurança, tudo já preparado só para executar no palco. Mas agora é diferente! Sou eu quem estou executando, maquinando com minha cabeça. Claro que com minha equipe junto, mas sou eu quem digo não, sim, talvez... dando a geral na minha carreira. Eu acho bacana, é uma energia que você deposita esperando que dê tudo certo. As coisas acontecem porque a gente permite acontecer. Está sendo o máximo, eu estou adorando, digamos assim... essa fase de patrão (gargalhou com o termo).

 

 

Quando é que as Denizeiras vão poder ver seu show?

Do final de julho pra agosto já temos agenda de shows. O meu lançamento aqui em Salvador será aberto ao público e estamos finalizando a negociação da data e espaço com o gestor do município. 

 

Expectativa até o Carnaval?

Estamos com dois camarotes fechados e um bloco também, mas não posso falar ainda quais são. Mais pra frente a gente anuncia.

 

Com toda essa mudança na carreira, qual é o seu principal desejo no momento?

Eu sou pisciano e pisciano é muito sonhador. Eu tenho sonhos que viraram realidade. Tudo que eu sonhei e pensava, tudo virou realidade. E esse é mais um sonho que virou realidade. A única coisa que eu espero, almejo é que seja tudo na tranquilidade, na leveza. Vou continuar fazendo o meu trabalho que há anos faço. Levar o nosso jeito baiano do baiano, espero que eu seja uma representatividade do meu povo onde quer que eu chegue. Quero levar alegria... A gente vive num mundo tão “fodido”, tanta sacanagem, a política, a violência, homem bomba... Eu que estou na música, eu só penso em alegria e na transformação que a música pode fazer na vida das pessoas.