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Marca Bahia Notícias Holofote

Entrevista

Bambam fala sobre influências, projetos e sobre o que o diferencia de Igor Kannário: 'Meu caráter, minha índole'

Por Rafael Albuquerque

Bambam fala sobre influências, projetos e sobre o que o diferencia de Igor Kannário: 'Meu caráter, minha índole'
Com larga experiência na música, o cantor Bambam assumiu recentemente os vocais da banda A Bronkka. E para brindar essa nova fase, o cantor concedeu entrevista ao Bahia Notícias e falou sobre influências, projetos e, é claro, sobre a vinculação do nome de Igor Kannário ao da banda: “já foi desvinculado desde quando eu entrei. Em se tratando de pagode, Bambam é uma das bandeiras mais fortes”.  Sobre o que o diferencia do antecessor, Bambam disparou: “meu caráter, minha índole, meus princípios e meus conceitos familiares”. Na parte artística, ele citou: “o poder de fogo muito grande que tenho, versatilidade, cultura. Quando ele (Kannário) chegar onde eu estou, já estarei lá na frente. Vai ficar sempre naquela onda de que o buraco é mais embaixo, príncipe”. Confira a íntegra da entrevista abaixo:
 

Fotos: Claudia Cardozo / Bahia Notícias

Coluna Holofote: artisticamente falando, você encara sua entrada na banda A Bronkka como um reinício ou continuidade do trabalho que vinha sendo feito?
Bambam:
É o reinício de uma continuidade, de toda a trajetória, porque minha história não morre. Tem todo o legado de uma história de vários sucessos. Então, continua o Bambam dando reinício à carreira da Bronkka, que tinha outra filosofia, outra linguagem e outra mensagem. Hoje, automaticamente, a gente trocou a mensagem e a linguagem para uma coisa mais família, de otimismo, de alegria, de um som desbloqueado que agrega todas as classes, sem rótulos e sem apologia a nada, sem se envolver em nada de ruim.

CH: O que vai mudar e o que vai permanecer da época em que Igor Kannário cantava na banda?
Bambam:
 Eu percebi que mesmo com a saída de Igor, Missinho deu continuidade ao som que já rolava. A mesma pegada no palco, as mesmas letras, ou seja, um seguidor. Quando eu chego já venho rompendo barreiras, a conversa é outra e o buraco é mais embaixo.

CH: Fala um pouco de sua trajetória artística até assumir os vocais da banda A Bronkka.
Bambam:
a princípio quem me lançou no trio foi Daniela Mercury, quando eu era bem criança. Ela me apresentou a Milton Nascimento, ainda quando éramos Luz do Repente, uma banda minha, de Márcio Victor e da galera do Engenho Velho de Brotas. Daí surgiu o Psirico, depois passei pelo Swingueto e Ori Black. Aí veio Parangolé, Sam Hop, Bambam e Sam Hop, depois veio a carreira solo, Bambam Super Hits e A Bronkka.

CH: Você participou da criação do Psirico?
Bambam:
Claro! Eu sou um dos sócios, um dos criadores.

CH: Ainda é sócio da banda?
Bambam:
 Sócio da banda, mas não ativo porque eu não quis Justiça, não quis nada. É aquela onda que você abre mão, entrega ao tempo. Eu quis a felicidade de Márcio com a galera dele da Penta, Maron, Lucas.

CH: Você tem contato com Márcio Victor ainda?
Bambam:
Sim, claro. A gente é irmão de comer no mesmo prato e isso não pode jamais deixar de existir, principalmente por causa de dinheiro. A vida e o espírito são muito mais do que isso.

CH: De toda essa trajetória na música e considerando o trabalho diversificado que você e Márcio fizeram no Psirico, o que você pode agregar na Bronkka?
Bambam:
 Aquela onda no Psirico foi ideia minha e de Márcio. Temos influências do Badauê, Obadudum, Filhos de Gandhy, Os Negões, Ilê, Ozárabe, Samba Mato Velho, Samba Neguinho, cultura dos sambas juninos, de tambor, etc. Márcio vem mantendo isso, assim como eu. Por isso temos esse valor de fazermos boas músicas, sem restrição artística, com uma parada ampla e versátil.
 

CH: Como está o trabalho de divulgação da Bronkka nessa nova etapa? Tem CD previsto?
Bambam:
Na verdade, todos os CDs nós soltamos na net e estão bombados. Um tem seis músicas e em cinco dias já tinha mais de 40 mil downloads, fora as exibições no YouTube. O povo aceitou. A Bronkka é uma marca forte e de alguma forma a galera já estava com saudades do Bambam.

CH: Como surgiu o convite para assumir A Bronkka?
Bambam:
Rapaz, eu estava recebendo várias propostas. Acabou rolando essa cena aí, mas não sei nem dizer como acabei escolhendo essa parada (risos).

CH: Através desses CDs disponibilizados, já dá pra ter noção da música que o público abraçou?
Bambam:
 Essa parada aí eu não gosto de decidir. Prefiro deixar pra Tina, Dôra, Lucy e Beto Bonfim, Marquinhos, Periquita e Valtinho. Eu já vi muito de o artista escolher uma música e o público abraçar outra. Pra você ter ideia, eu briguei com Márcio (Victor) para não gravar “Escovadinha” achando que era uma merda. Eu disse a ele que a nossa onda não era aquela. Mesmo assim eu acabei botando uma parte minha na música e ela levou a gente para o Troféu Dodô & Osmar por dois anos.

CH: De todas as bandas que você já fez parte, onde você obteve o maior sucesso e reconhecimento?
Bambam:
Na ordem, Psirico, Parangolé e Sam Hop, que me levaram a nível Brasil e world. Elas me fizeram ser conhecido em países como Itália, Suíça, etc. Mas o Psirico foi a grande vitrine.

CH: Você acha difícil desvincular a marca A Bronkka, que é uma marca forte, do histórico que o grupo teve com Igor Kannário?
Bambam:
Já foi desvinculado desde quando eu entrei. Em se tratando de pagode, Bambam é uma das bandeiras mais fortes, uma das maiores colunas dessa parada e com muito respeito.

CH: O que te diferencia de Igor Kannário?
Bambam:
 Meu caráter, minha índole, meus princípios, meus conceitos familiares, o respeito de ir e vir.

CH: E artisticamente falando?
Bambam: O poder de fogo muito grande que tenho, versatilidade, cultura. Quando ele chegar onde eu estou, já estarei lá na frente. Vai ficar sempre naquela onda de que o buraco é mais embaixo, príncipe.

CH: Você se arrepende de ter declarado que não sabia quem tinha dado o título de príncipe a Igor Kannário?
Bambam:
Não teve isso. Eu que tive minha fase de bad boy, mas passou. Não tenho nada contra. Até porque eu não ouço, não me agrega nada. Aliás, eu não ouvia A Bronkka; essa música não entrava em minha casa. Ele, como outros, veio atrás de mim dando uma de amigo, mas na verdade sugando minhas várias linguagens, pegando as manhas do canto. A gente finge que não tá vendo nada.
 

 
CH: Quais suas grandes referências para essa nova etapa da carreira artística?
Bambam:
A parada que a gente se identifica mais é O Rappa, Charlie Brown Jr. Temos a linguagem do pagode meio O Rappa, meio Timbalada do pagode. Temos batidas de reggae com bases de bossa nova. Tudo isso misturado em nosso som. Temos muito o som do tambor representando a cultura afro. Tem também as paradas internacionais como Lenny Kravitz, Whitney Houston, Cris Brown, Lauren Hill.

CH: Depois desse período da banda A Bronkka com Igor Kannário e do escândalo de estupro envolvendo a New Hit, você acha que houve desvalorização do pagode na Bahia?
Bambam:
 O pagode da Bahia que eu considero com respeito é o É o Tchan, Gera Samba, Harmonia do Samba, Psirico e Parangolé. Sem desmerecer aos outros, que são sobreviventes e filhos de Deus também, eu considero Bambam. Eu vejo muita desvalorização de letras com apologias. Eu critico de forma negativa essas letras, eu considero essas músicas desclassificadas. Às vezes eu me envergonho de certos pagodes que passam na TV, que tocam no rádio. Essas bandas fazem o povo pensar que pagode é coisa de quem não tem cultura, não tem classe, que não estudou. A gente é diferente, negro tipo A, e estamos quebrando essas barreiras.

CH: Quais os projetos da banda?
Bambam:
vamos realizar os ensaios até o carnaval, lá na The Best Beach. E tem muita coisa bacana chegando aí.