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Empresas admitem que promover minorias a cargos mais altos é um desafio

Por Thais Carrança e Érica Fraga

Empresas admitem que promover minorias a cargos mais altos é um desafio
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias

 As companhias que atuam no Brasil admitem que seu maior desafio em busca de maior diversidade é eliminar as barreiras para que representantes de minorias, como negros e mulheres, atinjam seus altos níveis de hierarquia.

Poucas já falam abertamente, porém, da adoção de metas explícitas que contemplem uma maior presença desses profissionais em cargos de chefia.

Filiais de multinacionais têm se tornado recentemente as exceções à essa regra.

Na esteira de decisões de suas matrizes, a EY, uma das maiores empresas de auditoria do mundo, e os bancos Goldman Sachs e J.P. Morgan acabam de lançar programas que têm como objetivo final a formação de minorias em seus postos de liderança.

"Hoje temos pouco mais de 20% de profissionais negros na empresa como um todo, mas em cargos de gerência são apenas 14% e, no nível de sócios e diretores, esse percentual cai para 4%", conta Cristiane Hilario, sócia da área de auditoria e uma das líderes do programa Black Professional Network da EY.

A empresa busca, atualmente, definir metas para ampliar esses percentuais em cada um dos níveis hierárquicos nos próximos anos.

Cristiane conta que sua atuação em prol de uma maior diversidade na empresa veio da sua própria trajetória pessoal.

"Estou há 16 anos na EY, comecei minha carreira como trainee em 2004. De uma turma de dez trainees que foram contratados, eu era a única negra. Em 2018, com 13 anos de firma, fui admitida na sociedade da empresa, sou a primeira e ainda única sócia mulher negra", conta.

"Nunca fui uma militante da causa das minorias, dos profissionais negros, mas quando me deparei com essa situação percebi que precisava me envolver para mudar esse quadro", afirma a executiva.

Em agosto, a sede do banco J.P. Morgan nos Estados Unidos comunicou ao escritório do Brasil que sua iniciativa "Black Future Leaders" (BFL) será implementada no país a partir de janeiro do próximo ano.

Segundo Henrique Szapiro, líder de Recursos Humanos da instituição no país, o programa contemplará dez analistas negros, dos quais sete serão mulheres. A ideia é que, a cada oito meses, durante dois anos, eles troquem de área.

"Esperamos que isso fortaleça nosso compromisso para desenvolver, reter e promover profissionais negros", afirma Szapiro.

Também em agosto, o Goldman Sachs no Brasil recebeu da sua sede um comunicado de que metas específicas de diversidade haviam sido estabelecidas pelo banco.

Até 2025, todas as filiais da instituição no mundo precisarão ter 40% de mulheres em cargos de vice-presidência. Na região das Américas, que engloba o Brasil, foi estabelecida a meta de 7% de negros para esse mesmo cargo.

Segundo Maria Cristina Sampaulo, líder de diversidade e inclusão para a América Latina do banco, a instituição no país ainda discutirá internamente sua estratégia para atingir os objetivos.

"Já vínhamos trabalhando por mais diversidade, mas as metas vão ajudar a educar ainda mais o olhar das pessoas para a importância desse tema", diz a executiva.

Ela ressalta que o programa de inglês para negros universitários que o Goldman mantém no Brasil, desde 2014, com o apoio de outras instituições, tem impulsionado uma maior diversidade interna.

"Os profissionais negros que já trabalham no banco se tornaram muito próximos do programa. Atuam como mentores dos jovens, os ajudam a se preparar para os processos de contratação que vão surgindo", diz ela.

A Nestlé é outra multinacional que considera adotar metas de diversidade racial e traçar ações para atingi-las.

O primeiro passo nessa direção será dado com a realização de um censo interno.

"As pessoas estão se sentindo com mais orgulho de ser negras, então faremos o censo para atualizar nosso cadastro e ver, de fato, quantos negros temos na Nestlé", diz Helen Andrade, executiva que assumiu a recém criada gerência de Diversidade e Inclusão da empresa.

A estimativa da empresa é que os pretos e pardos sejam, hoje, cerca de 40% dos funcionários e 15% dos que ocupam cargos de gerência.

"Queremos que a Nestlé seja um espelho da sociedade brasileira, que a empresa reflita a diversidade que nós somos no Brasil", afirma Helen.