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Volta do público aos estádios no Rio irrita clubes de fora e depende de governo e CBF

Por Pedro Ivo Almeida | Folhapress

Volta do público aos estádios no Rio irrita clubes de fora e depende de governo e CBF
Foto: Divulgação / Flamengo

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), anunciou na sexta-feira (18) o retorno do público aos estádios de futebol na cidade no próximo dia 4, com a partida entre Flamengo e Athletico-PR —marcada para o Maracanã.

No entanto, tal discurso do político não basta para que a ideia seja colocada em prática. Restam conversas, reuniões entre diversos órgãos e uma série de ajustes em regras vigentes para que o torcedor, enfim, retome seu lugar nas arquibancadas.

O comunicado de Crivella, inclusive, surpreendeu participantes de reunião no mesmo dia na qual a pauta foi debatida. Após o encontro, uma nova rodada de conversas foi marcada para a próxima semana.

A ideia é incluir agora, além da Secretaria Municipal de Saúde e da Vigilância Sanitária, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, empresas que administram as linhas de trens e ônibus e responsáveis por toda a logística envolvida em uma partida. Somente, então, Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) e clubes envolvidos na ideia finalizarão o protocolo idealizado para o retorno.

Tal protocolo será submetido à CBF. Ainda oficialmente calada, a confederação aguarda uma posição do Ministério da Saúde após enviar uma proposta de retorno gradual do público aos estádios antes de se movimentar no assunto.

Bem como no documento enviado à Brasília, a entidade mostra cautela e não acredita em um retorno já no início do próximo mês, com o jogo do Flamengo no Maracanã. Na visão de dirigentes da entidade, seria necessário ao menos mais um mês de debates e acordos com os poderes públicos de todos os estados envolvidos no Campeonato Brasileiro até que a ideia fosse executada.

Com o aval do Ministério da Saúde em mãos, a confederação conversará com clubes para alterar a regra número um da diretriz técnico do Brasileiro, o documento que rege o torneio. "As medidas aqui estabelecidas levam em consideração que a retomada do futebol se dará sem público. Qualquer alteração nesse quadro será devidamente comunicada e este documento será ajustado se necessário for."

É justamente a partir desse documento que se sustenta o argumento da CBF diante do comunicado de Crivella, segundo apurou a reportagem. A entidade defende que qualquer decisão relacionada ao seu campeonato precisa respeitar a diretriz em vigor —ou posterior alteração, cenário condicionado a conversas com clubes.

Como a CBF não verbalizou tal pensamento, muitos clubes mostraram descontentamento com a possibilidade de um retorno precoce na data anunciada por Crivella. Na visão de times como Corinthians, Palmeiras, Atlético-MG e Grêmio, seria inadmissível ter o retorno do público em apenas uma unidade da federação envolvida no Brasileiro, quebrando a isonomia da disputa.

Ao menos dois dirigentes da alta cúpula da CBF asseguraram à reportagem que não trabalham com a ideia de retomada em um estado enquanto outros ainda não tenham garantias do poder público para tal. Até por isso responsáveis pelo torneio na confederação não consideram a presença de público já em Flamengo x Athletico-PR uma opção razoável.

Diante disso, a aposta de envolvidos é de que a espera do torcedor supere as duas semanas —ideia inicial de prefeitura e federação do Rio.

Além da possível quebra da isonomia, outro fato incomodou os clubes que questionam as conversas aceleradas na capital fluminense. Para muitos deles, o Flamengo rompeu um acordo feito no início do Brasileiro. Em conversas e reuniões virtuais, dirigentes dos 20 times da série A planejavam solicitar um debate para que o público retornasse aos estádios em novembro, na virada do primeiro para o segundo turno.

A antecipação do debate no Rio irritou dirigentes de clubes de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Ceará.

Mesmo com as discordâncias e a cautela da CBF no momento, as partes envolvidas acreditam em um retorno em breve. A expectativa geral é de público nos estádios ainda em 2020.

Não bastam, no entanto, palavras do prefeito Marcelo Crivella. Faltam acordos e entendimentos em todas as cidades que usualmente recebem jogos do Brasileiro —São Paulo, Santos, Bragança Paulista, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Goiânia, Recife e Fortaleza.