Modo debug ativado. Para desativar, remova o parâmetro nvgoDebug da URL.

Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Enem surpreende com estilo 'conteudista' e questão 'testlet', que fez MEC se explicar

Por Carolina Faria | Folhapress

Enem surpreende com estilo 'conteudista' e questão 'testlet', que fez MEC se explicar
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

O primeiro dia do Enem 2025, no último domingo (9), intrigou estudantes e professores, que apontam mudanças no estilo das questões e a impressão de que a prova deste ano se mostrou mais "conteudista" e próxima do estilo de vestibulares tradicionais, como os da Fuvest, que seleciona para a USP.
 

Cerca 3,51 milhões de candidatos participaram do exame, que cobrou redação e 90 questões de linguagens e ciências humanas. Daqui a dois dias, serão mais 90 questões de matemática e ciências da natureza.
 

Um dos itens que mais chamaram atenção estava na prova de linguagens, em que uma única crônica —a versão adaptada de "De Próprio Punho", de Ana Elisa Ribeiro— serviu de base para cinco questões. O barulho foi tamanho que, na última quarta (12), o próprio MEC (Ministério da Educação) se manifestou para explicar esse modelo de avaliação, chamado "testlet".
 

"Trata-se de uma metodologia que utiliza um grupo de itens relacionados a um mesmo texto-base, sendo que cada item mantém a sua independência, sem apresentar elementos que possam ser considerados para a resposta de outro", explicou o ministério.
 

Segundo a pasta, esse formato torna o exame mais contextualizado e "favorece a integração dos conhecimentos avaliados", além de "otimizar o tempo de prova".
 

Nas redes, muitos estudantes comentaram que as questões exigiram um conhecimento mais detalhado e profundo de disciplinas específicas, em vez de privilegiar a interpretação de textos e a interdisciplinaridade, características marcantes de edições anteriores.
 

Para o professor Bernardo Lima, do grupo educacional Farias Brito, essa mudança na abordagem do Enem já havia sido percebida em 2024. "A prova seguiu uma característica apresentada já ano passado – possivelmente, teremos uma nova tendência. Vimos textos mais elaborados que exigem maior domínio do vocabulário, além do aumento de questões de filosofia e sociologia, o que exige maior capacidade de estabelecer associações conceituais", afirmou.
 

Daily de Matos, coordenador pedagógico do Colégio Objetivo, avalia que a interpretação das questões foi considerada em sua elaboração. "Se não houvesse uma boa interpretação por parte dos estudantes, eles sequer conseguiriam entender o que foi perguntado. Pelo que conversei com meus alunos, o que houve foi uma dificulade de vocabulário ou conhecimento prévio para resolver questões 'diretas e retas', que realmente foram mais frequentes esse ano."
 

Segundo ele, houve de fato uma descaracterização da proposta original do Enem, que não cabia mais em um modelo de seleção ampla. "A princípio, o Enem era um vestibular para avaliar leitura, que é fundamental, mas não é suficiente para manter o alto nível exigido em um curso de graduação. Minha visão é de que as universidades federais passaram a exigir dos alunos mais habilidades além da leitura", declarou.
 

Já D’Laías Moraes, também professor de filosofia e sociologia do Farias Brito, considera que a prova deste ano não foi meramente conteudista, mas sim pensada na seleção de futuros universitários preparados.
 

"Muitas pessoas consideraram a prova conteudista, mas na verdade foi uma prova que exigiu estudo prévio, que não ficou limitada à ideia de interpretação. Os textos referiam-se a autores consagrados, como Zigman Bauman, Herbert Marcuse, David Hume, Aristóteles e Platão. Considero que houve uma valorização do conhecimento, afinal, trata-se de uma prova a nível nacional que vai selecionar os alunos para as universidades federais. Serão futuros pesquisadores e profissionais, então isso é importante", disse Moraes.
 

O professor enfatiza as vantagens que o aprofundamento das questões do Enem pode trazer para todos os envolvidos. "É um fato repercutirá nas salas de aula. Espera-se que no próximo ano, os candidatos já estejam se deparando com a realidade desse tipo de conteúdo do mundo acadêmico. Considero essa abordagem do Enem benéfica tanto para os alunos quanto para as instituições que vão acolhê-los", acrescentou.
 

PROVAS DO SEGUNDO DIA

O segundo dia do Enem será dedicado às áreas de matemática, física, química e biologia.
 

A aplicação seguirá o mesmo cronograma do primeiro dia. Os portões dos locais de prova serão abertos ao meio-dia e fechados às 13h. O início da prova será às 13h30.
 

No dia, é obrigatório apresentar um documento oficial com foto —versão física ou digital, como CNH ou RG digitais— para ter acesso à sala.