Castro minimiza ação exaltada por Lula contra PCC e diz que segurança é principal pauta do Brasil
Por Caio Spechoto | Folhapress
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), minimizou nesta terça-feira (12) a operação Carbono Oculto, que tem sido apontada pelo governo Lula (PT) como exemplo de atuação na segurança pública em contraponto à ação policial que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão.
A declaração de Castro foi feita em ato no Senado, no qual o governador disse que a segurança pública é a principal pauta do Brasil.
A Operação Carbono Oculto mirou ligações do PCC (Primeiro Comando da Capital) com o mercado financeiro e o setor de combustíveis e envolveu o Gaeco, do Ministério Público de São Paulo, e a Receita Federal, vinculada ao governo federal, e a Polícia Militar de São Paulo.
A segurança pública entrou no centro de embate político desde a ação policial no Rio de Janeiro, a mais letal da história do país. A operação, que uniu governadores de direita, foi classificada de "desastrosa" e "matança" por Lula.
O grupo político do petista tem apontado a Carbono Oculto como contraponto, por ter focado em lavagem de dinheiro e causado dano ao crime organizado sem troca de tiros ou afetar pessoas pobres. De acordo com Castro, a operação defendida pelo governo federal atacou apenas uma das cadeias econômicas exploradas pelo crime.
"Que bom que pelo menos uma dessas cadeias agora tem sido investigada com a Carbono Oculto, que parece que a solução do Brasil, não parece ser mais uma das cadeias utilizadas por eles. Assim como é a internet, assim como é o gás, assim como é o transporte alternativo, e diversas outras que têm de ser igualmente combatidas. O garimpo ilegal, o desmatamento ilegal, todas têm o braço dessas organizações narcoterroristas", disse o governador do Rio de Janeiro.
"Há quase dois anos eu venho falando que a segurança pública é a principal pauta do Brasil, até um pouco antes de as pesquisas de opinião começarem a falar isso", declarou.
Castro também fez um contraponto a outra ideia defendida presente esquerda, a de que o crime organizado é alimentado por falta de oportunidades em comunidades pobres. Segundo o governador, o problema é aliciamento, não falta de oportunidade.
"É uma enormidade de dinheiro gasto, todas as comunidades têm escola, todas têm projeto esportivo, todas têm projetos culturais", disse ele.
As falas foram proferidas no plenário do Senado, onde a oposição a Lula promove um ato de apoio a Castro, às polícias do Rio de Janeiro e aos quatro policiais mortos na operação.
Organizaram o ato o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), com o líder do PP na Câmara, deputado Doutor Luizinho (RJ).
O evento teve presença de diversos políticos de direita e do centrão que buscam os votos do bolsonarismo com a saída de cena do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declarado inelegível, preso em casa e condenado no processo da trama golpista.
Participaram o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e vice-presidente da legenda, ACM Neto; senadores como Efraim Filho (União-PB), Jorge Seif (PL-SC) e Sergio Moro (União-PR); deputados como Altineu Cortes (PL-RJ) e Marcel van Hattem (Novo-RS); além da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do deputado e secretário de Segurança Pública licenciado de São Paulo, Guilherme Derrite (PP).
O ato teve diversos discursos críticos ao governo Lula. Um deles foi o de Derrite. Ele é cotado para se candidatar ao Senado em 2026 e foi escolhido para ser o relator do projeto antifacção em discussão na Câmara.
Ele disse que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), designou-o como relator do projeto para conciliar uma proposta antiterrorismo e o projeto antifacção do governo.
"Foi difícil achar o que tinha de bom no projeto do governo federal porque eles propuseram redução de pena para indivíduo pertencente a organização criminosa", declarou Derrite.
O governo passou a criticar as idias do deputado para o projeto sob o argumento de que o texto reduzia as atribuições da Polícia Federal. Derrite disse que se trata de uma falácia e que a crítica dos governistas é essa porque eles não conseguiriam discutir o projeto com ele.
O relator também mencionou uma fala em que Lula colocou traficantes como vítimas de usuários –o petista se retratou da declaração.
"Lamentavelmente, o presidente da República classificou os traficantes como vítimas. Foi ele que falou, não fui eu. E eu até estou tendo que me controlar politicamente aqui porque senão isso pode até atrapalhar o andamento do projeto, que pode ser pautado hoje", declarou Derrite.
