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Duas novas cepas de rotavírus circulam pelo país, aponta estudo

Por Gabriel Alves | Folhapress

Duas novas cepas de rotavírus circulam pelo país, aponta estudo
Foto: CDC

Desde 2006, a atual geração de vacinas tem dado conta de prevenir a maior parte dos casos de rotavírus, que causa vômitos, cólicas, diarreia e é responsável por 40% das internações hospitalares de crianças no Brasil.

No entanto, um sinal amarelo foi aceso com a identificação de duas novas no país, de acordo com um novo estudo.

O trabalho, publicado na revista científica Journal of General Virology e que envolveu pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL) e do Instituto de Medicina Tropical da USP, mostrou que uma cepa que mistura material genético de vírus equino com vírus humano é hoje a mais comum nas análises que chegam ao IAL, o qual analisa material do Centro-Oeste, Sul e parte do Sudeste.

O rotavírus equino-humano apareceu no país em 2015. Em 2017, já correspondia a 80% de todas as amostras positivas para rotavírus.

Esse tipo de combinação das partes entre as cepas que infectam animais diferentes não é tão rara, afirma a pesquisadora Adriana Luchs, do Adolfo Lutz. Só que geralmente os vírus resultantes dessas combinações acabam num beco sem saída, infecciosamente falando --eles até conseguem infectar mamíferos ou aves, mas não conseguem ir adiante e infectar outro animal.

A explicação aventada pelos cientistas é que o rotavírus equino-humano teria se propagado pelo país a partir de Foz do Iguaçu, onde foi encontrado pela primeira vez em março de 2015 numa garota de dez anos que não havia sido vacinada. Desde então, o vírus circulou no Paraná até maio de 2016 até se espalhar por outros estados.

A pesquisa de Luchs e colaboradores, apoiada pela Fapesp, também identificou um outro vírus, o DS-1-like G1P[8], que só havia sido encontrado na Ásia. Essa cepa provavelmente chegou com alguém vindo daquele continente.

Apesar de ter sido um achado pontual, em 2013, ele tem importância: é justamente a partir da cepa G1P[8] que foi formulada a primeira vacina contra o rotavírus (da farmacêutica MSD). E ela tem funcionado bem contra todos os parentes que tem esse sobrenome P[8], que identifica uma das proteínas presentes na superfície do vírus, diz Luchs.

Uma emergência desse subtipo poderia indicar que a vacina está deixando de fazer efeito --o que, por ora, é apenas especulação. De todo modo, ressaltam os cientistas, é melhor ficar atento e manter o monitoramento a todo vapor.

A transmissão do rotavírus se dá geralmente pela via fecal-oral, ou seja, uma grande quantidade de vírus é dispersada pelas fezes. Resistentes, os vírus aguardam no ambiente até que surja uma nova oportunidade para infectar algum outro animal, reiniciando o ciclo.