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Marca Bahia Notícias

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Frankenstein político: A comunista que se uniu ao Centrão

Por Fernando Duarte

Frankenstein político: A comunista que se uniu ao Centrão
Foto: Divulgação

Quantas vezes você já ouviu falar da sopa de letrinhas de partidos políticos no Brasil? Desde que fundar siglas passou a ser um lobby econômico e figuras dos mais diversos segmentos ideológicos montaram legendas para chamar de suas. Alinhamento político? Basta um pouco de pragmatismo e tudo fica certo. Talvez isso justifique o Frankenstein montado para abrigar a comunista Olívia Santana e um integrante de um partido do centrão, Niltinho, para disputar a prefeitura de Salvador em 2020. Coerência? Para quê, não é mesmo?

 

Olívia e Niltinho não estão errados. Estão certos, inclusive. Se a legislação permite e o sistema político não vê qualquer problema em uma composição de ideias tão distintas para disputar uma eleição, que problema há nisso? Nenhum. Porém é importante explicitar que esses dois campos políticos estão unidos numa aliança completamente pragmática e não programática – ainda que alianças similares finjam bem que é o interesse da população que rege a aproximação, a exemplo da coalisão em torno do governador Rui Costa (PT).

 

Olhando para a cena local, é até natural que haja essa proximidade entre PCdoB e Progressistas. Pelo menos há duas eleições os partidos marcham unidos em torno de Rui Costa e não há registros de tensões entre as duas legendas. No último pleito soteropolitano, no entanto, o PCdoB tinha a candidatura de Alice Portugal e o então PP gestou a campanha de Cláudio Silva – que depois deixou o partido.

 

O problema é quando se observa o comportamento das duas siglas no plano federal. O PCdoB compõe o grupo dos mais ferrenhos opositores do governo Jair Bolsonaro. Junto com outras legendas de esquerda, a exemplo de PT, PSOL e PSB, os comunistas encampam uma “brigada” anti-Bolsonaro que não descarta, por exemplo, a defesa do impeachment do presidente. Já o Progressistas flerta com a base do governo, sendo um dos grandes partidos do centrão. Uma das lideranças do partido na Câmara, Arthur Lira, é o articulador do grupo junto a Bolsonaro e seria a aposta dele para a sucessão de Rodrigo Maia. Em resumo, as siglas estão em lados diametralmente opostos da política nacional.

 

Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (24), líderes dos dois partidos em Salvador confirmaram a união para a eleição de 2020. Segundo eles, quem vai liderar a chapa será definido em um futuro próximo, quando as conversas afunilarem ainda mais. Independente de quem será candidato a prefeito, a aliança entra para o anedotário das sopas de letrinhas que desobedecem a lógica. Se bem que na política brasileira não dá para cobrar muita lógica, não é mesmo?

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (25) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios A Tarde FM, Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Alternativa FM Nazaré e Candeias FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.