Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Por que a pandemia 'salva' Bolsonaro do início de um processo de impeachment?

Por Fernando Duarte

Por que a pandemia 'salva' Bolsonaro do início de um processo de impeachment?
Foto: Marcos Corrêa/ PR

A defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro por parte da classe política é um jogo de cena necessário. Principalmente para os oposicionistas, que precisam manter a voz ativa contra os eventuais despautérios proferidos ou feitos pelo chefe do Executivo. No entanto, no contexto atual da pandemia, nenhum impedimento vai vingar. Seria o suicídio do resto de estabilidade política que resiste no país. Então, é fogo de palha quem encampa esse discurso.

 

Estão errados? Não. Bolsonaro tem dado motivos de sobra para que seja apeado do poder. Dilma Rousseff, em 2016, fez bem menos do que ele e acabou defenestrada da presidência por um crime que ela garante não ter cometido. Já o presidente da República não apenas já teve diversas infrações legais como é recorrente em produzir provas contra si. Porém o julgamento no Congresso Nacional é político e não jurídico, razão pela qual Bolsonaro deve passar incólume nos próximos meses.

 

A estratégia de atrair o centrão é a busca de uma garantia numérica no parlamento para o momento em que um pedido de impeachment venha a tramitar – não que esse apoio seja tão fiel ao ponto de resistir até lá. Com 28 anos como deputado, Bolsonaro pode não ser um expoente na relação com o Congresso, porém conhece “onde dormem as cobras”. Ao antecipar essa construção de base – ainda que extremamente frágil –, o presidente tenta evitar uma deposição antecipada do cargo.

 

Para a “sorte” de Bolsonaro, a pandemia do novo coronavírus requer toda a atenção da classe política e dar início a um virtual processo de impeachment poderia paralisar ainda mais as operações federais no combate à Covid-19. Ninguém, em sã consciência, vai querer ser responsabilizado por um cenário ainda mais caótico, mesmo os adversários mais ferrenhos do bolsonarismo. Leia-se, inclusive, o petismo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fingem bem levantar a bandeira do impedimento do atual morador da Alvorada.

 

Enquanto durar a crise da Covid-19, Bolsonaro está a salvo de deixar o poder pelas vias democráticas – e fora o próprio presidente, a maioria da classe política ainda defende esse regime. O único senão é uma eventual denúncia retumbante que venha a ser encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que a apuração seja autorizada pelo Congresso Nacional - após, é claro, uma eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República. Por mais que haja inúmeras razões para os ministros da Suprema Corte cumprirem a legislação contra Bolsonaro, nem eles vão querer levar a culpa pelo desequilíbrio dos poderes constitucionais. Então, bolsonaristas, durmam tranquilos enquanto há tempo...

 

Este texto integra o comentário desta segunda-feira (11) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios A Tarde FM, Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Valença FM, Alternativa FM Nazaré e Candeias FM. Ouça também nas principais plataformas de streaming de áudio ou acompanhe aqui: