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Marca Bahia Notícias

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A melodia de Roma para o bolsonarismo

Por Fernando Duarte

A melodia de Roma para o bolsonarismo
Foto: Divulgação

“A sorte favorece os audazes”. Foi assim que João Roma (PL) respondeu a um tradicional desejo de “boa sorte na caminhada”. Ex-ministro da Cidadania, o deputado federal aposta o próprio crescimento em Jair Bolsonaro como avalista da candidatura dele ao governo da Bahia para minar o favoritismo do ex-aliado, ACM Neto (União), e evitar que a candidatura governista de Jerônimo Rodrigues (PT) logre êxito nas urnas. É uma aposta alta, mas não completamente em vão.

 

Na última semana, pouco após participar da Bahia Farm Show, uma grande convenção agropecuária e palco perfeito para o bolsonarismo, Roma surfou no anúncio de um estudo para a duplicação da BR-020, no trecho que liga Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. É o tipo de melodia que agrada profundamente o setor que movimenta o PIB baiano e é capaz de financiar projetos políticos pouco ortodoxos. A eleição e a reeleição de Bolsonaro são exemplos disso. A candidatura de Roma segue o mesmo caminho.

 

Com um cenário favorável à destruição de políticas ambientais e regramentos que coíbem a expansão desenfreada do agro, o bolsonarismo é a menina dos olhos para o empresariado que tem visão de curto e médio prazo. No longo prazo, talvez não seja tão interessante uma política tão agressiva. Porém, em 2022, as demandas parecem ser mais urgentes para marchar com o projeto de reeleição do presidente. Tanto que o oeste baiano é considerado um bolsão pró-Bolsonaro em um estado majoritariamente associado ao lulismo.

 

Mesmo que se apresente como conservador, Roma traz tangencialmente em seus discursos as pautas de costume. Ele tenta angariar votos da direita não radical, mas enfrenta um adversário já consolidado enquanto candidato. ACM Neto é quem pode ter o maior prejuízo com a candidatura do ex-amigo, porém até aqui não manifesta incômodo. Tem adotado uma postura de quase ignorar o candidato de Bolsonaro na Bahia. Enquanto isso, Roma tenta associar o ex-prefeito ao PT, algo que dificilmente vai colar.

 

Chega a ser irônico que Roma ajude mais ao PT e a esquerda baiana do que a uma candidatura de centro-direita como a de ACM Neto. Entretanto as circunstâncias da eleição geram quadros improváveis como esse. Para o bolsonarismo, é absurda a relação, mas é impossível para quem acompanha como observador não perceber essa nuance. O trunfo de Roma é, sem dúvidas, a máquina federal e, até aqui, ele busca usar quase sempre.

 

Como ex-ministro, ele se apresenta como o pai do Auxílio Brasil. É uma meia verdade, porém num ambiente com tantas informações falsas, qualquer trecho completamente preso à realidade se torna palpável ao ponto de se tornar uma boa plataforma de campanha. O anúncio da duplicação da BR-020 é apenas um exemplo mais recente. Como outros tantos vão aparecer até o próximo mês de outubro. Roma pode até não ter sorte na corrida eleitoral. Agora ninguém poderá dizer que ele não é audaz.

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