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Marca Bahia Notícias

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Bolsonaro segue esticando a corda das relações democráticas no país

Por Fernando Duarte

Bolsonaro segue esticando a corda das relações democráticas no país
Foto: Marcos Corrêa/PR

Até quando a corda das relações republicanas vai esticar no Brasil? Essa é uma pergunta que vale o futuro do país como conhecemos hoje, dada a terrível possibilidade de rupturas institucionais protagonizada por agentes públicos. O episódio do pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é apenas mais um momento da atipicidade que somos obrigados a conviver. Com o tecido social cada vez mais puído, assistimos sem reação a precarização das interações políticas.

 

O presidente Jair Bolsonaro precisa do ambiente de tensão para sobreviver. Foi desse caldo que ele emergiu e ocupou o Palácio do Planalto. É assim que o bolsonarismo se retroalimenta. Mesmo que não existam razões fáticas para questionar as urnas, retirar um ministro do STF ou simplesmente negar a morte de mais de 570 mil pessoas, o entorno presidencial ainda angaria apoios. Não todos são broncos, tal qual Bolsonaro. São pessoas que deixaram de acreditar nas instituições, pelo processo de desgaste construído paulatinamente ao longo dos últimos anos. O resultado é um sem número de brasileiros que pouco se importa se existe uma escalada autoritária em curso, já que a vida em sociedade é menos relevante do que os próprios umbigos.

 

Para quem desacredita a democracia, as convocações contra o STF ou contra a ordem política vigente são um cardápio comum, como se fosse um feijão com arroz. Essas pessoas não conseguem enxergar que o sistema político levou Bolsonaro ao poder e o mantém na presidência. Ele é o sistema e sempre foi do sistema. Entretanto, fingiu tão bem ser contra esse mesmo sistema que pode implodi-lo sem ressalvas que ninguém vai se importar. É o preço que pagamos por um país sem consciência da sua própria história, vide os negacionistas de ocasião que fecham os olhos para a ditadura militar ou para a existência de racismo no Brasil, para ficar restrito em poucos exemplos.

 

Dificilmente Alexandre de Moraes será removido do STF por meio desse pedido de impeachment impetrado por Bolsonaro. O problema é o balde ficando cada mais cheio para que haja uma ruptura social. Ao deflagrar guerra ao Judiciário - com anuência do Legislativo -, o Planalto dá munição para que os ataques às instituições permaneçam ativos e com reverberação na sociedade. A convocação para o dia 7 de setembro, que mais parece uma bravata do que um desafio real, parece colocar à prova a independência do país. Eu diria que esse é o objetivo. A corda não é um elástico e está retesada há tempo suficiente. Até quando o Brasil vai suportar isso?

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