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Wagner vai investir em legado petista na Bahia e ACM Neto no dele em Salvador

Por Fernando Duarte

Wagner vai investir em legado petista na Bahia e ACM Neto no dele em Salvador
Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias

O legado petista na Bahia será o grande mote da tentativa do ex-governador Jaques Wagner de retornar ao posto. A estratégia começa a ficar explícita nos posicionamentos do senador e também nas publicações e posicionamentos de aliados, como o atual chefe do Executivo, Rui Costa, e o presidente estadual do PT, Éden Valadares. Há certo direcionamento em falas para ressaltar as ditas “transformações” de 2007, quando Wagner foi empossado pela primeira vez, e agora, passadas outras três gestões sob a tutela do partido.

 

Como o grupo adversário, liderado por ACM Neto, vai investir na tese do conflito entre o “novo” e o “velho”, cabe ao entorno de Wagner escolher o que melhor serviria de propaganda para a manutenção desse agrupamento no poder. Começam a ficar frequentes as comparações entre a Bahia de 2006 e a Bahia de 2022, mesmo que seja impossível fazê-los sem analisar os contextos políticos e sociais dos dois momentos. A mensagem simplificada, entretanto, comunica facilmente, especialmente com as camadas mais pobres e beneficiárias mais diretas dos investimentos públicos do passado recente.

 

Não que esse legado seja exclusivo do PT. Em Salvador, por exemplo, o período em que ACM Neto esteve na prefeitura também foi marcado por transformações na cidade e nas relações da população com os espaços urbanos e os serviços públicos. A principal diferença é que o ex-prefeito tem reconhecimento na capital baiana, enquanto Wagner e o PT conseguiram emplacar programas que atingiram núcleos distantes dos grandes centros e cujos impactos não são facilmente mensuráveis por pesquisas de opinião. Daí surge a intenção de reforçar a eventual paternidade que os petistas começam a ressaltar desde os instantes pré-campanha.

 

O PT aposta que o antipetismo, tão em voga em 2018, não tenha a mesma repercussão no próximo ano. Ainda assim, na Bahia esse movimento não chegou a ser impactante dada a vitória de Fernando Haddad nos dois turnos e a própria reeleição de Rui de maneira tão acachapante - o adversário era praticamente irrelevante naquela altura do campeonato, mas isso pouco importa para a narrativa da vitória. Ainda assim, para além desse legado petista, há outro trunfo que parece recorrente: associar ACM Neto ao presidente Jair Bolsonaro.

 

Como o bolsonarismo dá sinais de cansaço - ainda mais na Bahia -, é possível que esse esforço não surta tanto efeito assim. Por mais que o DEM mantenha relações distanciadas com o Palácio do Planalto, é forçoso sugerir que ACM Neto seja representante da extrema direita ou o braço de Bolsonaro por aqui. E o ex-prefeito conseguiu se dissociar bem das tentativas de atrelá-lo ao governo federal - seja como crítico direto, seja com ataques indiretos a fim de evitar celeumas com a base que o apoia e não necessariamente discorda da condução feita por Bolsonaro no país.

 

Na disputa eleitoral de 2022, Wagner trará a herança petista, com as gestões dele e de Rui, para a baila. ACM Neto tentará fazer algo similar, com os resultados que angariou em Salvador enquanto prefeito (como se o carlismo não fosse também parte da sua história). Será o momento de identificar qual modelo a população baiana vai preferir escolher. Um duelo de legados interessante sobre qual é o futuro a ser vivido por essas bandas.

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