Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Jair Bolsonaro parece um moribundo (infelizmente) - e o Brasil segue mesmo ritmo

Por Fernando Duarte

Jair Bolsonaro parece um moribundo (infelizmente) - e o Brasil segue mesmo ritmo
Foto: Reprodução/ Twitter @jairbolsonaro

Jair Bolsonaro está moribundo. Ele não está morrendo, porém a exploração em torno da imagem dele, durante internação com obstrução intestinal, é uma prova de que não existem mais limites para o uso mórbido de um risco de saúde em troca de uma narrativa política. E as reações de críticos a Bolsonaro é inteiramente proporcional ao desrespeito com que o presidente lidou com os brasileiros que estiveram à beira da morte ou padeceram com a Covid-19. Aqui se faz, aqui se paga.

 

Sem entrar no mérito da doença em si - até porque não cabe a um analista político tratar do tema -, o grande problema do episódio é a instrumentalização política dele. Enquanto Jair estava inconsciente sob o efeito de sedativos, a lógica perversa de quem estava por trás do atentado contra ele em 2018 foi publicada nas redes sociais por Carlos Bolsonaro. Mesmo que diversos inquéritos tenham assegurado que Adélio Bispo não agiu a mando de outrem, a narrativa de que houve participação de terceiros na tentativa de homicídio alimenta o séquito de seguidores fieis. E, infelizmente, normalizamos esse padrão decadente.

 

O presidente é candidato à reeleição desde que tomou posse, em 1º de janeiro de 2019. E a milícia digital que o cerca não apenas sabe disso como segue com o mesmo entusiasmo da corrida eleitoral do ano anterior. A facada - que é um momento desprezível da história política do Brasil - se tornou um trunfo para todas as vezes que Bolsonaro e seus apoiadores se sentem acuados. E o momento é o pior possível, com denúncias de corrupção no Ministério da Saúde, a CPI da Pandemia a pleno vapor e os índices de rejeição chegando a níveis inéditos. Por isso, o vale tudo para 2022 começou mais cedo.

 

Não que histórias de superação envolvendo doenças não façam parte de campanhas. A própria ex-presidente Dilma Rousseff, arqui-inimiga do bolsonarismo tanto quanto Luiz Inácio Lula da Silva, teve um linfoma exposto durante processos políticos. É a formação de uma persona, a consolidação de um personagem que é tão relevante para a obtenção de votos. Porém, no caso de Bolsonaro, o reiterado uso da imagem de um homem fragilizado no hospital e com o argumento constante de que um inimputável agiu a mando de adversários é baixo demais até para o pantanoso ambiente de Brasília.

 

Falta também expor que há excesso nisso. A imprensa até mostra, porém os atores políticos preferem não entrar no melindre de criticar esse uso constrangedor da saúde do presidente como possibilidade de ganho eleitoral. Seguimos então nessa naturalização de algo que não é natural - seja a facada ou mesmo as consequências dela. Talvez não seja apenas Bolsonaro que esteja moribundo. Talvez seja um problema do país mesmo.