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Condenação comprova que 'La Vue' foi 'início do fim' para carreira política de Geddel

Por Fernando Duarte

Condenação comprova que 'La Vue' foi 'início do fim' para carreira política de Geddel
Foto: Max Haack/ Ag. Haack/ Bahia Notícias

A condenação do ex-ministro Geddel Vieira Lima no caso do Edifício La Vue é o encerramento de uma história que pode ser tratada como o “início do fim” do emedebista. Até a denúncia do então ministro da Cultura, Marcelo Calero, Geddel, atualmente em cumprimento de pena pelo episódio do bunker de R$ 51 milhões, era considerado um homem extremamente poderoso. Tanto que, mesmo tendo rompido com o PT na Bahia, se manteve em cargos federais durante a administração da petista Dilma Rousseff. A derrocada política do emedebista baiano foi no governo de Michel Temer, quando Calero trouxe a público o eventual tráfico de influência. Agora, mais de três anos depois, a Justiça confirmou que houve improbidade administrativa.

 

O processo de licenciamento do “La Vue” é uma prova de que agentes políticos confundem o público e o privado quando se trata de interesses pessoais. Geddel era investidor no empreendimento, tendo adquirido uma das unidades, conforme argumento da própria defesa. Como o espigão na Ladeira da Barra estava com licenças empacadas no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um empurrãozinho de um influente ministro poderia fazer a coisa andar... Até andou. Mas foi ladeira abaixo...

 

Calero ganhou projeção nacional a partir desse episódio, em novembro de 2016. Chegando à Esplanada com um governo questionado por parcela da população, também não era tão querido pela classe artística na época – menos rejeitado do que os sucessores na era Bolsonaro, mas ainda assim com resistências dignas de registro. A saída “honrosa” ao bater de frente com Geddel o catapultou politicamente a ponto de ser eleito deputado federal dois anos depois.

 

Já emedebista baiano era da coxia de um Temer recém-chegado ao Palácio do Planalto. Era tido como figura com ascendência sobre o amigo de longa data. Tanto que, quando o impeachment de Dilma foi confirmado, Geddel fatalmente estaria em um ministério. Só não se sabia em qual. O destaque era merecido. A construção da carreira política dele era marcada por controvérsias, mas também por articulações que o levaram até aquele ponto. Mais uma vez na Esplanada, maior cargo exercido por ele até então. Talvez por isso, a queda de um lugar tão alto tenha chamado tanta atenção.

 

A condenação por improbidade administrativa não terá tanto efeito prático. Dificilmente Geddel exerceria função pública nos próximos cinco anos ou contrataria com o poder público dentro de três anos. O ex-ministro cumpre pena de mais de 14 anos de prisão. A multa, de 10 vezes o salário do cargo exercido à época, é uma mixaria perto das devoluções imputadas a ele em outros processos. Mesmo assim, o “início do fim” acaba marcado também por uma sentença judicial. “La Vue” foi uma vista que Geddel provavelmente nunca quis ter.

 

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (1º) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Valença FM e Alternativa FM Nazaré.