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AL-BA poderá ter duas eleições em uma

Por Fernando Duarte

AL-BA poderá ter duas eleições em uma
Foto: Jefferson Peixoto/ Ag. Haack/ Bahia Notícias

Há no ar uma solução brilhante para definir quem será o candidato à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA): realizar uma prévia na base do governo e só então escolher quem vai para a disputa. Seria cômico, se não fosse trágico como tem sido problemática a construção de um consenso sobre o tema. Os deputados ainda não definiram se vão seguir a recomendação, que teria supostamente partido do governador Rui Costa, fiador de um acordo desacreditado entre Nelson Leal (PP) e Adolfo Menezes (PSD) para que o segundo assumisse o Legislativo no próximo biênio.

 

O grande entrave é um erro estratégico que aconteceu no passado, em 2018, quando Rui acabou sendo avalista de um entendimento restrito aos candidatos à presidência da AL-BA naquele momento. Reeleito com uma enorme votação e puxador de votos para Fernando Haddad, o governador tentou capitalizar politicamente uma questão interna dos deputados. Ao que parece, ele esqueceu de combinar com parlamentares e os presidentes de partido as consequências dessa intervenção indireta. O resultado é esse imbróglio.

 

A prévia entre os candidatos na Assembleia, até aqui o próprio Adolfo Menezes e Niltinho (PP), tenta transferir de volta para o Legislativo a responsabilidade que sempre foi inata ao parlamento. É uma solução um pouco capenga, pois evita um racha formal na base ao tempo em que expõe os deputados ao constrangimento de terem que realizar duas “votações”, ainda que apenas a do início de fevereiro tenha valor efetivo. A vingança do derrotado até mesmo nessa votação interna pode criar celeuma tanto quanto o embate direto, quando a eleição for para valer.

 

Aparece ainda a diferença de que uma parcela significativa, mesmo que numericamente pouco expressiva - também conhecida como oposição -, fique completamente à parte desse processo. Essa jogada complica ainda mais as chances de antever os impactos no longo prazo no relacionamento entre Legislativo e Executivo, bem como a forma como se relacionam os parlamentares. É uma loteria imprevisível e com chances de haver mais perdedores do que ganhadores.

 

Caso se confirme essa prévia entre os deputados, é Rui cruzar os dedos para que a disputa interna não frature a base nos mesmos moldes do que poderia acontecer quando o embate realmente valer a direção do Legislativo. Se a política é a arte do diálogo, parece que falta um pouco de conversa na base do governo da Bahia. Difícil será saber quais as consequências disso.

 

Este texto integra o comentário desta terça-feira (12) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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