Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Bolsonaro brinca com crise na saúde e ainda pede elogio

Por Fernando Duarte

Bolsonaro brinca com crise na saúde e ainda pede elogio
Foto: Carolina Antunes/ PR

Eu gostaria de não falar sobre o presidente Jair Bolsonaro. Juro que queria ficar restrito às ações positivas dos governos federal, estadual e municipal para conter o avanço do coronavírus no Brasil – que, dentro deste caos, são muitas. Porém o presidente utilizou uma coletiva de imprensa com diversos ministros para um palanque político contra a imprensa e contra as críticas feitas às atitudes dele frente à crise da Covid-19.

 

Bolsonaro começou repetindo que não convocou as pessoas para as manifestações no dia 15 de março. O presidente usou os momentos iniciais da coletiva para justificar o injustificável com mentiras e mais mentiras. Ele convocou sim os aliados para estarem nas ruas e com pautas totalmente antidemocráticas. Isso é completamente absurdo por si. Porém ele conseguiu se superar ao depois desconvocar as pessoas e passar o domingo incentivando a ida delas às ruas para uma mobilização pró-governo (?). É um teatro de absurdos que constrange quem vê. 

 

Falando em teatralizar um problema que toma uma proporção gigantesca, o presidente participou da coletiva com diversos ministros usando máscaras cirúrgicas. Uma medida que os médicos infectologistas – e o próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta – recomendam apenas para pacientes com suspeita de contaminação e sem resultado efetivo. Eis que, durante as falas, os interlocutores tiravam a máscara sem qualquer cerimônia. Se é para fazer papel de palhaço, talvez melhor fazer em um circo do que em um palácio.

 

Acabou? Não. O presidente atacou os chamados panelaços registrados em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo na noite de terça-feira (17) contra ele. O “protesto” feito no conforto dos lares, no caso das classes mais abastadas da sociedade, é uma repetição do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff – cujo final do filme sabemos qual é. Segundo Bolsonaro, os panelaços foram convocados pela imprensa. No entanto, quando os movimentos são pró-governo, eles são orgânicos e nascidos do povo. É preciso muito abacate para bater essa vitamina.

 

Se Bolsonaro ainda não sabe o que é ser presidente, talvez essa crise seja o momento ideal para que ele se comporte como chefe da nação. Enquanto ele continuar brincando de fazer política rasa e picuinha, estaremos fadados a criticá-lo, criticá-lo e criticá-lo. Basta. E olha que no próprio governo tem medidas elogiáveis nessa crise, a exemplo das condutas de Mandetta e até de Paulo Guedes. Eu preciso falar bem do presidente do meu país. Não porque ele pediu para receber elogios – quando não merece nenhum. Mas, para elogiá-lo, Bolsonaro precisa usar a faixa de verdade. Não como um palhaço!

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (19) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Valença FM e Alternativa FM Nazaré.

Compartilhar