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Para que manter um Parque de Exposições que é um mal-ajambrado espaço de festa?

Por Fernando Duarte

Para que manter um Parque de Exposições que é um mal-ajambrado espaço de festa?
Foto: Bruno Winycius/ Divulgação

O governo baiano deu um passo importante para vender o terreno do Parque de Exposições, no final da Avenida Paralela em Salvador. A alienação é o primeiro passo formal para concretizar o ato de livrar o Estado de administrar uma estrutura pesada e que se tornou um espaço de festas mal-ajambrado. No entanto, o tema não terá vida fácil se depender do setor agropecuário e da oposição, que prometeu até judicializar o projeto. Independente do resultado final, é preciso discutir se é realmente papel da Bahia manter aquele espaço, completamente subutilizado e fora do eixo do agronegócio estadual.

 

A justificativa do governador Rui Costa para a alienação do Parque de Exposições, do Detran, da rodoviária e do antigo Centro de Convenções da Bahia foi geração de emprego e renda. Para ele, é inviável manter grandes áreas ociosas que não geram atividades econômicas. Ele está certo. Dos quatro espaços citados, o parque é o único que poderia eventualmente gerar alguma renda, porém as burocracias o transformaram em um elefante branco que beneficia apenas uma classe privilegiada de empresários do setor agropecuário - sem retorno direto ao cidadão baiano, que frequenta mais as festas realizadas lá do que exposições como a Fenagro.

 

É mais produtivo, inclusive para o setor, que os grandes negócios sejam realizados próximos dos polos produtores. Tanto que, ao longo dos últimos anos, as feiras agropecuárias em Luís Eduardo Magalhães, por exemplo, movimentam muito mais dinheiro e pessoas do que as realizadas em Salvador. É estranho acreditar que a capital, que está a léguas de distância de ser um centro produtor de agricultura e pecuária, seja o local ideal para promover esse tipo de evento. Ainda que haja insistência na realização deles.

 

Entre manter espaços ociosos com um alto custo para o governo e obter algum tipo de retorno financeiro com a venda - desde que os recursos tenham destino específico em investimentos e não sejam engolidos pelo custeio da máquina -, dificilmente alguém escolheria a primeira opção. Se o plano de construir um centro de convenções na área de Itapuã não deu certo, como chegou a sinalizar no passado o próprio governo, melhor dar um destino adequado do que deixar um espaço tão grande para a realização de festas privadas que não trazem nenhuma contrapartida direta à população.

 

A discussão sobre alienação ainda vai render um pouco. Na Assembleia Legislativa da Bahia, de onde virá a autorização para a venda no futuro, Rui não vai encontrar resistência - no máximo Eduardo Salles evocando ser a voz de agricultores e pecuaristas simulando interesse público. Nada que não seja contornável. E aí o último grande espaço de festas de Salvador vai deixar de existir em definitivo.

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (29) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

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