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Prisão domiciliar para Queiroz é imoral, mas para esposa foragida beira o escárnio

Por Fernando Duarte

Prisão domiciliar para Queiroz é imoral, mas para esposa foragida beira o escárnio
Foto: Reprodução/ TV Globo

A ida de Fabrício Queiroz para prisão domiciliar é imoral. Ele foi encontrado escondido na casa do ex-advogado do clã Bolsonaro, Frederick Wassef. Ele estava em um endereço desconhecido da Justiça, mesmo não estando foragido. Então, frisando, Queiroz estava escondido. Agora é mais imoral ainda que o benefício seja concedido à esposa dele, Márcia Aguiar, que segue foragida desde o dia 18 de junho, quando o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro foi preso em Atibaia (SP). Só para frisar: Márcia está foragida! É um atentado à sanidade do brasileiro. É um escárnio. É um resumo de adjetivos impronunciáveis.

 

Não quero entrar no mérito de Queiroz merecer ou não ser preso. Em minha opinião, ele deveria permanecer preso enquanto houvesse uma investigação em curso e o risco de interferência dele fosse mantido. O pedido de prisão do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a própria sentença que concedeu o cárcere temporário trazia elementos que sinalizavam as tentativas do ex-assessor atrapalhar a apuração das “rachadinhas”. Porém, para o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, a saúde de Queiroz era mais importante. Com certeza, o ilustre ministro pensa diferente de mim.

 

Sinceramente, nessas horas eu não estou preocupado se a decisão é legal ou não. Até prefiro acreditar que o presidente do STJ não iria incorrer em uma ilegalidade para manter a tradição de ter decisões favoráveis ao governo federal. Eu só estou indignado com o fato de Fabrício Queiroz ter tido a prisão convertida para domiciliar junto com a esposa foragida, enquanto a ministra Rosa Weber deixou na cadeia um jovem que roubou dois shampoos. Só para frisar: dois shampoos. Mas uma mulher que está foragida há mais de 20 dias tem o direito de ficar presa em casa para cuidar do marido supostamente moribundo, mas que não se furtou em fazer comemorações enquanto estava escondido no falso escritório de advocacia em um endereço desconhecido da Justiça.

 

Façam todo o malabarismo retórico para defender esse direito de Queiroz. Só não me venha defender que o cara que roubou dois shampoos não tenha esse direito. Ou que Geddel Vieira Lima, que testou positivo para Covid-19 na prisão, também não possa ir para prisão domiciliar. Ou a ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, Maria do Socorro Barreto Santiago, que já teve inúmeros pedidos de conversão de prisão negados até mesmo pelo STJ. Se a lei é para todos, por que Queiroz e Márcia são melhores?

 

Bata-me uma vitamina de abacate. Odeio a ideia de bebê-la, mas é melhor do que sentir essa náusea que a prisão domiciliar de um cara que ficou escondido e de uma foragida me causam.

 

Este texto integra o comentário desta sexta-feira (10) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios A Tarde FM, Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Alternativa FM Nazaré, Valença FM e Candeias FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.