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Piloto de drift, baiano Francisco Horne revela como é dirigir no limite, mas com segurança

Por Amanda Carolina

Piloto de drift, baiano Francisco Horne revela como é dirigir no limite, mas com segurança
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias

Francisco Horne, mais conhecido como Chico, é o único piloto baiano representante do Nordeste de drift. Criada pelo piloto japonês Kunimitsu Takahashi, em 1970, a modalidade consiste na técnica de deslizar em curvas escapando a traseira do carro, girando o volante para que as rodas dianteiras fiquem sempre em direções opostas à curva, utilizando-se do freio para então controlar a derrapagem, fazendo com que o carro ande de lado.

 

Durante a entrevista para o BN Autos, Chico conta sobre sua paixão pelo mundo automobilístico, que surgiu quando pequeno, graças à influência de seu pai que gostava de Fórmula 1 e o levava para ver carros, desde caminhões, tratores, motores e a mecânica. O piloto inclusive destaca que acompanhava com atenção a trajetória de Ayrton Senna.

 

Mas ele só veio tornar essa paixão algo real anos depois, até porque o drift não é um esporte conhecido aqui na Bahia, e a divulgação dos eventos é bastante rara. Sem contar que é muito caro.

 

“Eu só vim entrar mais tarde. Automobilismo é um esporte na Bahia que é difícil de você começar, caro de começar. Ou você tem um pai que já corre e ele quer que você corra, ou então não tem nem como. Você não vê divulgado: ‘Venha trazer seu filho para escolinha de kart.’ Então já comecei mais tarde. Eu, querendo e tendo condições de me bancar, disse: ‘quero agora fazer essa parte também'“.

 

Segundo Chico, um Volvo v40 foi o primeiro carro que ele usou em uma pista. Para se especializar no automobilismo, fez o curso de Roberto Manzini do Centro de Pilotagem, e também na Escola de Pilotagem Interlagos, que tem o objetivo de formar pilotos e garante ao final uma carteirinha que pode ser usada para disputas e campeonatos como Copa HB20.

 

Francisco fez ainda três cursos de especialização da Porsche nos Estados Unidos. Inclusive, foi lá que sofreu seu primeiro acidente de carro: seu veículo colidiu com um poste devido à pista molhada. Ele foi parar no hospital, onde passou uma noite, mas só precisou ficar um dia em observação após bater a cabeça.

 

“Os cursos lá fora são muito legais, porque você usa o carro deles. Aqui você tem que ter o seu carro. Lá você pode pegar o carro deles e usar como deve ser usado na pista. Só que quando é seu carro você nunca vai frear no limite, e sim um pouquinho antes. Porque vai que eu rodo e bato o carro? Eu vou bater o meu carro. Lá não, você paga o seguro. Eu paguei dois seguros, um deles para que a franquia seja mais barata.”

 

Mas Chico frisa que um curso como este ensina muito mais do que apenas fazer drift: as técnicas de pilotagem são essenciais para quem quer andar no limite. “O curso de pilotagem não é só chegar e pilotar, tem a parte física também. Você freia, transfere o corpo, o peso para o eixo dianteiro… então tem algumas técnicas que você faz para você ganhar velocidade”.

 

Além de piloto de drift, Chico também é piloto de arrancada. Ao BN Autos, ele explicou a diferença entre as modalidades: “Arrancada é reta. É o carro que chega em menor tempo ou na maior velocidade, dependendo da prova. [...] Já o drift é uma competição onde dois carros que vão batalhar mesmo. Não é de quem ganha, por exemplo, como Fórmula 1, em que largam todos os carros e tem uma linha de chegada com o número ‘x’ de voltas, e quem chega primeiro ganha. No drift não tem isso. Você faz uma volta de qualificação para ver quem é o primeiro colocado, aí acha os 32 primeiros colocados e faz um chaveamento e começam as batalhas. Então é mata-mata, um contra o outro. Na primeira volta um vai à frente, e o outro vai atrás, e na segunda volta, troca. O objetivo de quem está na frente é fazer o percurso, que tem vários pontos específicos na maior velocidade possível, no maior ângulo possível, e conta muita coisa subjetiva como estilo. É fluído, o negócio parece fácil, mas se o carro balançar já perde ponto”.

 

Chico compete há três anos nas categorias de drift, e garantiu sua primeira vitória no ano passado no torneio de Drift Fight. Já na arrancada, conseguiu destaque em tantas premiações que até perdeu as contas de quantos troféus tem em casa. Para as últimas conquistas, todas acima de 300 km/h, utilizou o carro “mais rápido de Salvador”: um Audi TT RS com 1.200 cavalos.

 

Porém, no início de 2020 viu seu treinamento se tornar cada vez mais complicado com a pandemia e o cancelamento de muitos eventos e torneios. Sem espaços para treinar na Bahia e sem poder se locomover para Brasília, ficou praticamente parado. Agora, para contornar as dificuldades, o piloto pensa em comprar um simulador - apesar de admitir que não é o mesmo de estar na pista real.

 

“Ficou horrível. Eu estava treinando em Brasília, pois não tem como treinar em Salvador, então tem que pegar o voo para lá. Estou juntando dinheiro para comprar um simulador, ajudará bastante, mas não é a mesma coisa, óbvio. Ia começar a etapa de campeonatos e por conta da pandemia parou tudo. [...] A gente ficou um bom tempo sem treinar, sem mexer no carro, e carro de corrida esse sim a gente leva para a pista, para poder ver alguns acertos no veículo. Porque não é simplesmente ligar e andar, tem a regulação da suspensão, do motor, dos pneus… é muita coisa. O treino não é só chegar e andar, sempre você está aprendendo uma coisa nova.”    

 

Com a retomada dos eventos, sua expectativa está voltada para o Campeonato Brasiliense, que ocorrerá no dia 8 de maio. Além disso, também já está inscrito para o Ultimate Drift, que acontece entre 09 e 10 de abril em Piracicaba (SP); e para o Drift Fight, nos dias 10 e 11 de dezembro. Para participar desse tipo de competição é necessário ter a carteirinha de alguma Federação de automobilismo.

 

Além disso, como conselho para quem quer começar sua carreira no meio automotivo, Chico destaca que algumas dicas podem ajudar quem já conseguiu o dinheiro para investir na área. “Compre um carro barato, de manutenção barata, um Chevette ou Omega, e comece a treinar em algum lugar em que você não vai prejudicar ninguém, nem a si mesmo. Porque tem muita gente que chega ‘ah, eu vou fazer’, e chega no retorno e puxa o freio de mão. E não consegue fazer nada além de colocar a vida das pessoas em risco. Você não vê um piloto acelerando assim, é muito difícil”.