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Rogério Micale revela motivo de não ter seguido no comando da seleção olímpica

Por Nuno Krause

Rogério Micale revela motivo de não ter seguido no comando da seleção olímpica
Foto: Divulgação / Al Hilal

Responsável por ganhar a primeira medalha de ouro em Jogos Olímpicos com a seleção de futebol masculino do Brasil, em 2016, no Rio de Janeiro, o técnico baiano Rogério Micale revelou porque não seguiu no comando da equipe, que atualmente disputa a Olimpíada de Tóquio. 

 

"Nós renovamos pra mais esse ciclo. Conversei com o presidente à época, Marco Polo Del Nero. Inclusive fechamos isso café da manhã da casa dele, mas infelizmente é daquelas coisas do futebol brasileiro. Eu sou uma pessoa que se a gente combinar uma coisa não precisa nem de papel. Mas muitas pessoas são assim. Fui disputar o Campeonato Sul-Americano, inclusive ia ser nosso querido Amadeu, baiano também, o treinador da sub-20. Mas, de última hora, a CBF, através do cordenador do profissional, Edu Gaspar, solicitou que eu fosse. Passamos à fase final, mas chegamos em quinto, e isso nos tirou do mundial. Eu retornei houve o desligamento, Marco Polo me chamou, em função do resultado a pressão seria grande. Falei pra ele que não concordava, até pq tinha feito 6 competições e apenas uma deixamos a desejar", contou, em entrevista ao programa BN Na Bola, da Rádio Salvador FM 92,3, apresentado por Emídio Pinto, Glauber Guerra e Ulisses Gama.

 

Micale também aproveitou para falar sobre alguns detalhes de bastidores sobre a conquista histórica do ouro em 2016. Antes da partida final, contra a Alemanha, houve uma conversa com os principais líderes da equipe: Neymar, Renato Augusto e Marquinhos. Além disso, a preocupação tática com as laterais da equipe adversária foi tema de muito debate com toda a delegação. 

 

"Conversamos, nos reunímos, analisamos as possibilidades, o que a Alemanha poderia nos trazer perigo, sabíamos que trabalhavam muito com osslaterais. Conversei com Neymar, Renato Augusto, Marquinhos. A amplitude com os laterais abertos ao mesmo tempo como se fossem pontas. Isso traria dificuldade se não houvesse colaboração dos dois extremos da nossa equipe. Conversamos com Gabigol, reunimos depois do jantar, e foi bem interessante. Gabriel Jesus não precisa falar nada com ele. O que precisar fazer, faz com uma força, ele tem muita vontade. Gabigol, por ser centroavante de ofício, precisávamos desse apoio maior. E Neymar virou o falou 'se não conseguir fazer durante o jogo, eu vou e faço'. Eu não queria que ele fizesse, porque tinha outros planos para ele, mas só de um líder falar isso já estimula. Gabigol não apareceu muito no jogo porque estava com função tática", destacou. 

 

Atualmente, o técnico está sem clube, após ter deixado o Al-Hilal, da Arábia Saudita, no início deste ano. Por lá, as coisas também funcionaram de uma forma estranha. O baiano assumiu o clube na terceira colocação do campeonato nacional, e o entregou na primeira, com apenas cinco jogos faltando para o fim. Não importou muito para os donos do clube. Após perder a final da Liga dos Campeões Asiática, Micale foi demitido. Agora, ele tenta negociar com clubes do futebol asiático, mas não descartou a possibilidade de, no futuro, comandar Bahia ou Vitória. 

 

"Meu tio jogou no Bahia na década de 50, meu padrinho foi conselheiro do Vitória. Um dia eu penso, sim, em trabalhar na minha cidade. Nunca joguei como jogador ou treinador. Espero realizar o meu desejo. Não só trabalhar, mas viver um pouco em Salvador. Meu projeto agora é voltar à Ásia, não sei qual país, estou negociando com dois clubes do Emirados Árabes. Estou aguardando uma possibilidade de Japão, também. Meu planejamento é esse, mas [estou] sempre de olho aqui no Brasil, porque surgindo uma boa oportunidade, a gente pode assumir", afirmou. 

 

Uma boa oportunidade envolveria, por exemplo, a chance de ter um projeto. Essa foi uma das críticas feitas pelo treinador ao futebol brasileiro: a falta de tempo dada para se trabalhar. "Colocaram uma lei para regular as trocas de treinadores e, por incrível que pareça, vai ter que existir uma adaptação. Eu acredito que essa lei não vai funcionar mais no próximo ano, porque os clubes não vão permitir. Antes da virada do turno, vários clubes do Brasil já trocaram treinador. E querem trocar novamente, mas a lei não permite. Até porque quem tem poder financeiro vai e compra, contrata os melhores jogadores. Flamengo, Palmeiras, Atlético-MG. Têm condição de ir atrás. Quem não tem, precisa de processo. Contratar alguém que seja bom e dar tempo para trabalhar. Não é perder três jogos e já estar caindo. Eu negociei com clubes do Japão, eu vi treinadores perderem 10 jogos consecutivos. E o japonês tranquilo, vai se organizar para a próxima temporada. Eles entendem que quando não se tem dinheiro tem que ter processo. É como construir uma casa, não é do dia para a noite que vai ficar pronta. Futebol não tem milagre. Aqui no Brasil, a gente acredita em milagre. Não queremos passar os 12 anos que a Alemanha passou para ser campeã mundial. Queremos seis meses", disse. 

 

Micale ainda comentou a estreia da seleção brasileira no torneio olímpico de futebol, falou sobre a carência de laterais no futebol mundial e disse não crer que Richarlison pode se tornar uma referência técnica como Neymar. "Neymar é incomparável. Nenhum chega perto", afirmou. Confira a entrevista completa: